Não seria tão fácil afirmar que estaríamos mais seguros em meio às ilusões do que compreendemos como fato ou circunstância de nossa vivência a respeito do nosso entorno. Naquilo do que seja o que acreditamos proibitivo, o tentar-se algo, a luta do trabalhador, a esfera de não se estar absolutamente certo de algo… Quem sabe se o regaço no colo de uma companheira não fosse algo quiçá possível, mas de fato por vezes não se tem sequer a esperança de ocorrer semelhante virtude, de se ter a aproximação da projeção da amorosidade tão gratuita quanto a palavra, quando a palavra amorosidade vira refrão de um negócio. Os desencontros, o afeto comprado, bah, quantas quimeras, aquilo que gostaríamos, o que temos projetado como ideal de vida, mas o que se nos pega e à humanidade é a pulsão do desejo, a solitária forma do desprazer, a busca hedonista, a compra daquilo que seja o objeto de algo, as estranhas formas de poder, o que já não seria mais tão simples de se viver.
Pode ser por vezes que a melancolia invada, qual usurpadora de nossos mais secretos sonhos, pode ser que a frieza de uma estrutura nos guie de tal forma a testar nossos nervos mais íntimos, quiçá possa ser a vida algo maior do que uma mera circunstância do acaso. Eivados de inquietações profundas, aquela impressão que tínhamos de infâncias perdidas no encontro do que fora o primeiro encontro, as reminiscências do bem-querer, o que querem seja uma catarse, uma brincadeirinha adulta de fórceps na alocução tão crível de uma brutalidade do mundo contemporâneo, a culpa, tudo o que encerre aquela vingança de outros por outros, a representação dos interesses, a missão das agências que se dizem inteligentes, enfim, será que tudo seria mesmo um “processo”? Por que não flutuarmos sobre essas inquietações, ou entrarmos dentro dessas estruturas processuais, mesmo que porventura fizéssemos meros exercícios de lógica, quiçá não fosse tão suficiente, tais quimeras, mas a coisa fica mais evidente quando abraçada por esse viés, na visão quase dantesca da necessidade que o homem tem de racionalizar até mesmo a respiração na sua fisiologia…
Uma pedra será encontrada esta manhã quando um homem acordar, aliás. Será “a sua” realidade, nua e crua, dizendo melhor, linda realidade… Porventura um pássaro pouse na sua via ápia, quiçá pouse à procura de um alpiste que um vizinho atire para eles, os pássaros e, graças a Deus, eles estarão lá, a vida pulsará ao olhar do homem e sua harmônica que comprara, a bom grado, com a gana de tocar para a eternidade. Ao menos no ato sincero de um amigo que gostava de escutar e perguntava pela música, já o homem não se encontra entre nós… Paciência, não é verdade, camaradas, que a vida é tão efêmera que o andarilho não seja tão gente, mesmo ao olhar das estruturas? Porventura, é a melancolia, mesclada ao sonho de se estar vivendo, um dia mais solitário, as gentes se sucedendo, o fascismo ganhando dias e dias seus territórios, a direita e seus extremos fazendo de seus ares, as gentes muito felizes por ter ganho a presidência o grande racista do Norte! Acontece que a democracia seja assim mesmo, mas não pensem aqueles que um país, por maior que seja e com o poder de homens como o tal de Musk, com sua técnica de não sei mais o que de tecnologia ou poderes outros, não pensem que terão maiores influência sobre o Sul senão aceitar bem o que ocorre com a nossa democracia, a bem deles, pois não quererão enfrentar problemas maiores do que o que já enfrentam quando segregam a si mesmos nas suas populações internas que merecem atenção e toda a problemática que envolve o contexto das Américas como um todo. Na verdade, o imigrante sabe que encontra dificuldades, e que o país do Norte é aquele que, em tese, receberia a todos… Destarte, apesar de tudo, as inquietações fazem parte de cada realidade, e cada nação haverá de encontrar seu modo de se encontrar com sua própria realidade, mesmo que para isso se tenha que aportar em águas mais turvas no contexto da profundidade existencial de suas populações, e o que se preza é que as Américas encontrem uma unidade de desenvolvimento comum a cada qual, sem a rotulagem e o preconceito emblemático que encerra um lado do outro, como se ambos fossem separados.
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