Se, por um lado, nos dispomos a ter a
compreensão mais verdadeira de como certas instituições navegam
pelo mesmo lado da hipocrisia, observando-se o falar paralelo – e
não propriamente a ofensa frontal –, teremos a falha do caráter
acentuada pela soberba de – imersos em ilusão, a Maya – acharmos
que disputaremos interna ou externamente a questão de vencermos uma
batalha por crermos fielmente que o “outro lado” estará,
certamente, mais fragilizado por circunstâncias diversas de nossas
atitudes. O mel não se encontra distante do favo, e sabermos disso
renova uma esperança – aí sim – de não estarmos sozinhos, não
pelo fato de nosso engajamento grupal, seja em que medida ou
circunstância for, mas a ausência do mel tornará a nossa vida mais
amarga, com toda a certeza de quem o experimentou ao menos uma vez na
vida. Disso passamos ao amor, que nos digladia a certos homens e
mulheres, em um tipo de hierarquia afetiva quase intelectual, mas que
não passa de palavra jogada aos pombos, ou na dureza de um
depoimento de fantoches, ou seja, empombado. A aversão ou a simpatia
por sistemas totalitários é um reflexo permanente e cabal desse
tipo de miudeza de caráter. Não há como frearmos as rodas da
história, se no coletivo organiza-se uma arapuca covarde para
retirar um tapete de panos rotos sob os pés de quem possua a
fortaleza. Precisamos, sim, denunciar o monstro em que nos tornamos
por vezes sem sequer termos a consciência de quem nos tornamos, ao
assumirmos essas posições de mesquinhos procederes. Sob a batuta
régia de uma pretensa hegemonia de grupo, essas locuções ensaiadas
podem pretender retirar do imo de um ser suas qualidades humanas mais
profundas mas, se estas estiverem realmente presentes, não há como
afugentar a pureza de espírito do mesmo ser, mesmo quando somos
aparentemente histriônicos na ventura de nossas proezas ensaiadas em
algum cortiço existencial, mesmo que este seja um faustoso palácio
de um mármore sintético, mesmo que alguém se pretenda mais lógico
dos lógicos, sem saber que a aranha ao mesmo tempo tece a geometria
de sua teia viscosa e traiçoeira. Saibam os pretensos fariseus
arraigados em suas velhas e antigas empresas, sejam estatais ou de
livre iniciativa, em seus predicados mais ricos e prósperos da fama,
pompa e circunstância, que o ego não escapa de ninguém, posto ser
falso na plataforma de uma simples inveja, ou da impotência perante
alguém, ou algo. Não há – repito – como silenciar a história
de cada qual, mesmo que na onipotência sem clarividência
necessária, os atos, as ações e as mãos não estejam vinculadas a
uma ajuda real, mas apenas verificando – com um olhar mais atento –
a atinência na pretensão inquieta de sermos quem somos.
Essa
lauda trata de um necessário e quase completo inventário moral,
como um guia que a quem vos fala ajuda pelo menos a encontrar as
jaças em uma pedra filosofal, ou um diamante materialmente concreto.
Perante esse jogo por vezes indigesto na exposição de uma atitude
coletiva e regressa, saberemos com quem lidamos, quem somos e nos
furtamos abertamente ao perscrutar atento da força que emerge de
cada homem ou da ternura que brota do olhar sereno de uma mulher mais
verdadeira e mais digna de atenção. Tanta é a covardia que se
esconde sob panos quentes, que um dia de derrota, frente a um dia de
vitória, para um sábio, será sempre o mesmo dia, e planejar outros
dias é de vital importância, mesmo que o cavalheirismo esteja
perdendo lacunas para a tirania. Ao menos temos por pressupostos
indeléveis caminhos que nos levem à luz, mas infelizmente para a
maior parte dos homens e mulheres neste planeta os caminhos estão se
tornando cada vez mais obscuros, tal a ignorância trágica de quem é
ilustrado pela verve dos ganhos materiais, ou de posições
relevantes em relação ao poder que já exerceram ou que ainda
exercem, em um tipo de lógica reversa que admite a brutalidade como
benfazeja ordem de caráter. Por vezes, verdadeiros companheiros,
pensaremos que a derrota é iminente, mas não há a derrota quando
estamos plenamente associados com Krsna, a Suprema Personalidade de
Deus. Nesse ponto deveremos estar cientes de que a vida de prazeres,
a lida dos familiares, passa a ser importante, mesmo quando passamos
por dias em que nossos atos estão sendo julgados pelo mesmo Poder
Superior supracitado, e amplamente difundido em literaturas realmente
perfeitas.
É de vital importância que muitos, quando quebram
os segredos do próximo para serem utilizados como informações,
certamente por vezes creem que será de bom alvitre ser utilizada a
argúcia como ferramental indispensável para uma recuperação
apenas de uma substância, e não propriamente do encontro com uma
vida realmente mais espiritualizada, anímica, cultural, ou o que
quer que seja. O caminho do perdão é longo, mas a tirania repetida
não deve ser perdoada, e o expurgo desses seres peçonhentos pode
vir, dentro de uma paz necessária, através do ignorar-se a
presença, ou do escutar suas lamúrias travestidas de arrogância ou
joguetes da veracidade ausente, porquanto em um fechamento de suas
próprias saúdes dentro de possíveis e até previsíveis
sobriedades, pois quando perdemos o controle, ao retomarmo-lo o ego
falso se pronuncia inúmeras vezes, e se perde um contato permanente
com a bondade na intenção de tentar fazer fracassar aqueles que –
aparentemente – são os mais fracos, mas que na realidade são
verazes, verdadeiros guerreiros, e possuem uma coragem de titãs.
Não
será por desmerecer atitudes críveis de piedade sobre uma face da
ignorância ou da falta de estratégia em estratificar certos membros
da coletividade que andaremos sobre um mar de latas enferrujadas, mas
certos galhos secos devem ser retirados do mato para aqueles que
urgem por oxigênio possam respirar mais livremente. Essa questão de
recobrar informações dentro de uma sociedade controladora faz
afugentar de se pronunciar franca e sinceramente aqueles que são ou
prezam pelo humanismo: qualidade intrínseca ausente de muitos e
muitos homens e mulheres no planeta, portadores de doença ou não,
posto ficar renovando invectivas cruentas é um dos caminhos da
perdição intelectual e espiritual. Não adianta sermos respeitados
por termos certas habilidades, de residirmos em um lócus bem
situado, de nos taxarmos de sãos, ou de possuirmos a crença algo
equivocada de que uma família pode ser um bem da coletividade ou,
melhor dizendo, no que transcenda a consanguinidade.
Um tesouro
ignorado não irá para as mãos de quem houvera cobiçado, mas se
manterá incólume ao desfrute do merecimento… Por essas razões, o
que houver tratado em qualquer grupamento humano refletirá no futuro
os erros cometidos, por ausência, por falta, ou por omissão. Todo o
entusiasta, quando decepcionado com um território incompetente,
revelado por invectiva e ensaios de orquestra mal afinada, já saberá
traduzir behavioristicamente o comportamento de cada qual e, como diz
um companheiro dileto, revelar-se-á mais, através do silêncio
perscrutador do vitimado, com o auxílio de força responsável e
confiável na sua estatura moral imperturbável.
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