sexta-feira, 4 de novembro de 2016

UM RECURSO SEM SUCURSAL

Que se pontifica um grau de compreensão no vértice do imaginário
É como algo que não saberemos mas no entanto temos certa certeza
De fatos que ocorram dentro de nós mesmos, estimulados em vida
Na vida que é e que nos pertence, mas as respostas precisam de tempo...

A ver, que na suposição de um diálogo encontramos um reflexo
Do que somos nas palavras, no que ditamos em um breve olhar cruzado
Pelas chispas que não nos pertencem, a cada pausa em que nossa luta
Por alguns se dispõem a que encontremos pelo caminho uma flor de aço!

Qual mina terrestre em um campo de trigos morenos no entardecer
Somos seduzidos ao mesmo tempo com a semeadura, e em outro tempo
Por aqueles que no mesmo local globalizado via satélite e suas armas
Pressupõem que às minas caberá segredo de quem não saberia...

Não precisamos da covardia do mundo inteiro em seus confortos de sofá
Quando sabemos que nem todos os estofos casam com nossa inteligência,
Mesmo no pressuposto de estarmos em inequívocos esforços por vezes,
Mesmo sabendo que no ignorar a um ser esquecemo-nos dos espelhos rotos.

Espelhos e cristais, peças de estofaria, semânticas nas cerâmicas, tudo
Nos espera enquanto objetos, e nossas mãos se plugam nos botões
A negociar nossas sinapses que as comandam, e que se evanesce no tempo
Quando comerciamos com pessoas o que esperávamos da fama frouxa.

Carregamos um caudal de informações que nos pulam nos olhos
Quando queremos que sejamos livres não propriamente no que creem outros
Do que escrevemos, posto fetiche nas mãos de um enfermo que não possui
Ou que possui o que escreve, assustando com luz forte o fremir da noite!

Se passa que a arte não é propriamente a coisa em si, a fábrica aos montes,
Se passa que teremos sempre na arte a concordância com a expressão,
E não o significado de só podermos conhecê-la não através de sua história,
Mas apenas na substância dos recursos que paradoxalmente nos desviam...

Não existe poesia sincera com rancores e nem orgulhos, o poeta assombra-se
Com a gigantesca felicidade em fluir um criar que encontra seu reflexo
No que vai do além mar, posto que a musa não mais se torna mulher,
Mas a de todas a maior, uma deusa de muitos nomes que se chama Natureza...

Nela está a amplidão, dela recolhemos o mar, pousam as embarcações,
Retraem-se macacos na floresta preservada, descansam vales sobre os rios,
Enumeram-se inconscientemente aos índios seus deuses pagãos,
Recrudescem as fúrias dos ventos em suas horas de Deusa Irada...

O mundo é a sua própria forma de Gaya, não da forma que gostaríamos agora
Posto a musa ainda proteger a poesia, pois esta tem algum tempo ainda
E firma seu destino como recurso de um método inexistente, pois ambos
Prosseguem em seu navio de tempo-espaço na temática de Bertrand Russel...

Assim que não compliquemos a poesia prosa dos ventos, que o poeta morre
A cada segundo, a cada minuto da existência, e seu corpo muda com as pedras
Que por vezes encontra mudadas mesmo em meio à latitude inumerável
Consorte ainda o mesmo com uma Natureza que mutante igualmente a cada dia.

A poesia caminha com o mar, anda nas selvas e seus labirintos, veste na manhã
Seus olhos d’água que choram para alimentar seus veios serpentinos da floresta
Quando uma touça de bambu apenas balança seus nós para acompanhar
Os pés do guri descalço que tateia as folhas em seu rumo em busca do destino!

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