sexta-feira, 11 de novembro de 2016

PERSCRUTAR-SE

A se seguir em jornadas que imantamos quiçá com uma sombra pungente
Não por ausência da luz, mas por proteção de olhares que nos perscrutam
A que soubéssemos mais de nossa vereda, ou que o olhar não nos alcance!

Desse olhar sóbrio e louco de fantasias quiméricas, a uma ilusão pertencida
Qual veste que nos sobra em panos rotos quando o fato é ignorar o tempo.

Teríamos tempo algum, se dele fossemos mais um pouco do que não agimos
Quando a serpentina voz que nos chama pode ser apenas um capítulo a mais!

Afora os descuidos do mesmo manancial do nosso tempo igualmente roto
Acima as responsabilidades que tenhamos nascido para tantas darmos
Ao não saber em quantos portos teremos que amarrar os barcos
Se um gesto pode ser suficiente a que nos traiamos ao imaginar um beijo...

Pele crua, que nos sobre, calcária como um crocodilo ausente de chama,
Algo seca, ausente igualmente do Eros que dialoga com Tanatos
Nas versões mais presentes do que sequer sabemos depois de minutos.

Não vertamos nossa tristeza em um papel de alcachofras, em cada pétala
Ungida com o óleo de um olival de Espanha, em que Franco
Desmontava as pétalas de outras tentativas na outra face do mundo.

Quem dera fossemos irmãos, e não apenas um grupo consonante a nada
Que não seja o apanágio numérico, ou apenas mais uma vértebra caída
No solo de uma enfermidade que se mostra grande na periferia dos ricos.

Ambiental mensagem: leve-nos, como o meio que temos mais não o possuímos,
Posto de permissões apenas, ao que temos que pensar ao menos algo simples
Naquilo a que façamos parte sempre: em que não façamos o nada produtivo!

A conviver com os espaços, saibamos que a única libertação crucial
É darmos a luz ao espírito e cuidados redobrados aos nossos templos,
Pois sem essa prerrogativa não encontraremos nossas colunas em nosso corpo.

Assim vertemos os mesmos sais daquilo que Gaya nos permita que sejamos
Um só corpo e um só espírito, no contrito veio que nos assombre muito
Por residir no que pensamos enquanto seres libertários no planeta!

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