Haveria quiçá um espaço infinito a
discorrermos a respeito da construção humana: suas variantes, seus
significados, seus títulos e outros modais como a própria burocracia na integração
quase compulsória nos tempos atuais. Essa circunscrição quase territorial em
que perdemos muitas vezes a noção do que importa quando colocamos as análises
construtivas na lógica do livre mercado, o que ausenta de propósitos mais
efetivos a razão em defesa de uma realidade que temos que ajudar a erigir. Um
tempo em que o fato de muitas descobertas ou atualizações recorrentes da
ciência não atualiza no homem contemporâneo ao modo de classes em ausência
necessária, a oportunidade que se deve valer para todos, a principiar em uma educação
que auxilie no aprendizado do que seja uma sociedade globalizante, sob uma
ótica que se faz contundente e necessária da abordagem sistêmica comum a todos.
A
diversidade mora no princípio em que estaremos com mais bagagem se disponibilizarmos
um conhecimento concreto e compartilhado a cada qual que se sinta acrescido em
sua vivência cotidiana, ao tomar consciência que a comédia de costumes nem
sempre é a única fonte de vida cultural de um povo com mentes que clamam por arejamentos,
e não por contendas ou requisitos de vida alheia... Esses arejamentos de uma
consciência vêm de um sentimento de paz de espírito, e não de uma luta sem
tréguas a que muitos querem se fazer entender e que, no entanto, nada tem a ver
com a luta de classes, porquanto essa sempre vá existir enquanto boicotarem o
conhecimento da experiência individual e coletiva na vida dos que necessitam da
luz de que muitos se apropriam para fazer uso de sua própria ganância e
manipulações inescrupulosas. A palavra socializar o conhecimento nada tem a ver
com um partido ou uma ideologia, mas significa disponibilizar à sociedade como
um todo um real benefício, dentro de uma estatura moral bem definida de
representações que usem de seu investido poder democrático para beneficiar seus
próximos, que sejam, o povo em geral, afim mesmo de evitar que as classes se
confrontem, mas que o diálogo permaneça constante, no mesmo bom senso que é
gerado a partir desse pressuposto logicamente mais humano.
Não se trata mais de generalizar
pensamentos, ou opiniões, ou enquadrar sistematicamente uma ideia para um lado
ou outro, de dividir a sociedade, pois hoje em dia a divisão e a afronta aos
direitos humanos conquistados no mundo contemporâneo revelam que pensar em
benefícios sociais populares, fala ao povo não apenas pobre, mais ao povo mais
elitizado em virtude de suas circunstâncias, e que se gere a necessidade não daquelas
concessões em que um poder mais popular tem que seguir para governar, mas o
inverso, onde o patronato obviamente, para conseguir ser de um país minimamente
civilizado, tem que ceder para que não cheguemos a um mundo bárbaro em que todos
perdem, nas circunstâncias em que não socializar, não participar com lucros
para os trabalhadores dá margem a regressos sociais sem precedentes históricos.
Portanto que se quebre a ideia de que as políticas de cunho social levam a
algum tipo de radicalização ideológica, pois igualmente sem a esquerda tomar
consciência de que não adianta apontar para outras bandeiras, somos capazes de
criar dois mastros para a bandeira nacional, erguendo uma para interesses e
outras que cedem lugar nos espaços da nossa própria, em que porventura assumem
os usos em que não se dispõem de critérios algo necessariamente patriotas, mas
muitas vezes por negligência a usam para algo indevido. Como um símbolo sem motivo,
um arranjo algo paradoxalmente entreguista, usando nossas cores para retirar de
um fundo de esperança toda aquela que restava ao povo brasileiro. Essa retórica
desconstrói um país, prefere ver outras bandeiras no segredo do âmago dessas
gentes que possuem um amor maior por nações que tiveram seu processo
civilizatório em outras condições, não apenas na história, mas no
contingenciamento de seus pares, suas independências tecnológicas e
superioridade bélica como contraponto de exercerem tal fascínio sobre o
patronato de muitos países. Quem dera não fosse assim, quem dera não
precisássemos emitir uma opinião a respeito de uma guerra, por exemplo, qual
não fosse aquela que de um sincero discurso sobre a paz entre os povos, e que
essa paz fosse a força motriz que construísse a justiça social nos países, e
sua compreensão ampla da valia dessa força. Mas, não, não se cogita perder um
níquel aquele que possui milhões e milhões. Aquele que possui terras extensas
não quer gerar alimentos, qual não seja uma pecuária que se irmana com a
devastação com uma relação de parentesco sinistra.
O que é construção, quando se
percebe que esta exclui cada vez mais quando em seus gigantescos projetos? O
que são as populações vulneráveis, se delas extraímos suas riquezas criando
guerras execráveis e depois não aceitamos que nossos países possam vir a ser um
refúgio para elas? Talvez a existência de um senso seja o que nos aflige, mas a
construção vem do pensamento e da atitude, em que pensemos que só existirá
aquela quando – quem dera – a humanidade perceber que tudo o que construiu até
agora perderá o sentido se não for dividido de modo mais justo como, quem sabe,
um repartir sem causa... Se usamos de um “ismo” qualquer, mostramos sinal de
apego tão grande que passamos a refletir sobre anacrônicos conflitos, em que hoje o
que está vigorando com uma espécie de razão não aparente é a preservação de
nosso planeta... Todos os sistemas econômicos em suas diversas vertentes
expropriam da Natureza, e é apenas a partir dela que podemos crescer enquanto seres
com uma identidade. Um ser enquanto existente, e não a nulificação de acharmos
que estamos encontrando a verdade em receitas de séculos anteriores, mostrando
a nós mesmos que não adianta sermos proprietários de certos meios de
comunicação se o que está nos predestinando a sermos nessa contemporaneidade é o
reflexo de um arabesco algo confuso de fachada... A quem saiba, talvez o
segredo não seja tornar um país mais rico, mas a sua Natureza mais diversa e
preservada: consertando os erros, saneando e saneando, igual a uma boa
semeadura! Quem sabe com pequenas atitudes coletivas ainda tenhamos mais chance
no mundo... Certamente.
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