Uma
questão de princípio elementar: a que versa sobre a existência do ser. Seria
algo assaz complexo pensar assim sobre a questão. Mas continuamente pomos em
xeque o que faz a diferença, e como essa atitude possa se transformar em uma
ação, seja ela de moto próprio ou mesmo reflexa. A vida no planeta se mostra
cruenta em muitos lugares, e de modo em que, por Deus, não demos a resposta que
não seja algo terna: sempre necessária. A luta pelo pão é dura, como quão dura
é a luta de um pássaro marinho a não deixar que outros disponham de seu bocado,
assim como se apresenta a Natureza. No mundo ocidental a vida na Terra se
apresenta com similaridade; basta que vivenciemos um pouco do que ocorre nas
ruas para sentir um tipo de selva em que pouco a pouco estamos nos tornando...
Que existamos e reflitamos um pouco a respeito de tudo isso, sobre o reparte,
sobre quem somos enquanto agentes de nós mesmos ou o que vale estarmos a
serviço de algo que desconhecemos, quando esse algo explica a brutalidade
enquanto posta na ordem de fatores que nem sempre são efetivamente relevantes
nas questões que realmente importam socialmente. Uma questão tão relevante ao
ponto de começarmos a vivenciar a face quase inverossímil de alguns atos,
algumas hostilidades nos espaços públicos que não deveriam estar ocorrendo, mas
como tudo, apresenta suas causas, logicamente consequentes a algo, como os
estranhos paradoxos inumanos de muitas vezes a razão não prevalecer entre os
homens, o que desgasta sinceramente o bom senso que deve, este sim, imperar.
Talvez,
no mesmo propósito, haja o imperativo de sabermos que lutar pela sobrevivência
denota a mesma selva, posto em qualquer luta denotar o resultado de vencer ou
ir à lona, o que na verdade não seria justo a quem quer que seja que para viver
tenhamos que lutar. A vida devia ser maior do que isso, devia haver uma justiça
social mais equiparada, pois justamente aqueles que detém grandes fortunas
criam um tipo de equipagem para proteger seus patrimônios, enquanto que os mais
desafortunados, além de trabalharem duramente para ganhar o ínfimo, ficam desprotegidos
com relação às violências de seus entornos, enquanto perifericamente
desguarnecidos da segurança pública. Não somos animais e nem deveríamos nos
comparar a eles. Não há lobos, nem porcos, nem ratos, nem águias, nem baleias,
nem nada de bichos na espécie, pois que aceitarmos uma vida de cães e gatos, ou
gatos e ratos, ou presas e predadores, é apenas radicar o que vemos por vezes
sucintamente no que nos chega nas tevês, naquilo que não nos tece o conforto da
paz, mas o revirar gélido e tormentoso das contendas. Creia-se que uma crítica
aos meios – quaisquer que sejam – traz uma rejeição algo pensada e criada sobre
aquela mas, convenhamos, a crítica é sempre bela quando acrescenta, inclusive
aos próprios meios que obviamente observam-na e, quando de boa intenção,
busquem se repensar... Esse modus de
observação obviamente traz em si uma relação de um diálogo importante e
necessariamente sagaz do ponto de vista do desenvolvimento humano em qualquer
frente de atuação e qualquer nível de abordagem. Se há, como efetivamente seja,
uma relação de poder, que se articule sempre ao que o mais fraco se surpreenda
com a compreensão do mais forte e que em nenhuma demanda haja a atuação de um
sobre outro se não houver substabelecimento em Constituição Legal na sua
evidência mais clara e na sua atuação mais estrita, respeitando o código maior
dos direitos humanos em sua carta internacional. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos não é apenas aos ditos civilizados, mas que – a estes – que
saibam como se portar com relação a países mais vulneráveis, e que as independências
não versam sobre qualquer determinismo histórico, mas sim como o objetivo de
qualquer nação, na harmonia necessária entre si e entre continentes. São textos
que nos balizam, e não é que qualquer cidadão que tome a liberdade de
rediscutir esses termos de compromisso que fazem parte de nossas conquistas
históricas, que este venha a ser considerado como alguém que argüi sobre algo
oco, ou dentro de um suposto anacronismo enquanto cidadão do mundo. Este mundo
há de dizer, o nosso mundo não pode vir à lona, pois não deve permitir qualquer
luta inglória, que não seja o predomínio da paz, abaixando as armas no sentido
de rediscutir as causas dos embates econômicos, políticos ou mesmo –
paradoxalmente – religiosos que os motivam.
A
existência nos torna, nos redime, nos orienta, quando saibamos ler o que lemos,
ou quando ensinamos àqueles que não sabem de muito, ao apenas querer saber ler.
Não adianta traçarmos as metas se estas não se encaixam em um longo e
necessário prazo de contenção de impulsos que destroem as boas colocações,
posto até na argumentação necessária ao planificarmos o que se diz em
sustentabilidade, mas que na correção seja algo que não sustente o erro, pois o
fracasso não está em não sermos de construir o novo de forma sustentável, mas o de não reconstruir o que já existia, preservando justamente as mesmas qualidades da
existência, estas que infelizmente vão se perdendo na memória cultural dos
povos aos longo das gerações sucedâneas.
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