sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A SE PENSAR QUASE UM CONTO

            Distantes éramos quase todos naquele bairro quase aldeia. Que muitos passavam, em uma segunda de quase feira, pois começava o comércio, como em outros mundos, como em outros mares... E era do mar a pequena aldeia, existia uma alma que transmutava, em que as pessoas o costeavam como embarcações algo solitárias de um, dois ou mais, pequenos grupos feito embarcações algo temerosas ou não, algo de se aproximar mais da praia – quando de tempo mais quente –, ou na mesma audácia da curiosidade plena, ao inverno. No mesmo inverno atirado, as ventanias, a dança das palmas, os restaurantes pequenos, as estruturas maiores, os dias das construções e as noites dos sonos dos poetas, rotos daquelas boemias que já não eram como antes, em tempos da cultura dos povos... Mesmo que se reservasse o direito de contestar a vida como ela está, mas na verdade as novas gerações se chegavam ao fato: mais obesas, mais carentes, mais em substitutas da tecnologia, esta como agregada afetiva às condições do mundo, não apenas em grandes metrópoles, mas igualmente na aldeia qualquer que passava a ser global, não fora pelas gerações mais antigas que ainda mantinham um modal de diálogo nas ruas e nas casas. Dir-se-ia a um homem das letras, que passasse a contemplá-las como algo que não tecesse crítica, mas seria tarefa quase impossível se aquele não cuidasse com toda a atenção de sua própria consciência enquanto ser vivente no planeta Terra do terceiro milênio, já postas outras atenções relativas. A relação de um homem com o seu entorno era a mesma, conquanto certas relatividades da transformação da matéria, de outros seres entre si, independentemente da ingerência humana, por si mesma, porquanto esta que afeta, no dito ser, mesmo nos vegetais, os humanos e seus alimentares e posições em suas esferas da existência.
            Isso de palavras algo cruas que retro alimentassem seriam de validade extrema, posto da crítica necessária seríamos mais do que aquilo que pensavam outros na mesma posição de outrem enquanto observadores tele maníacos de outros países, quiçá manias boas em algum sentido, quiçá outras, de uma psicose consentida e estimulada na velha acepção em que loucura e alienação são irmãs gêmeas. Falando-se isto de estruturas de ingresso, haja vista que um ser humano ainda pode ser independente sem conhecer a grosso modo a tecnologia como meio, posto o livro poder igualmente ser ainda a maior referência da espécie culta. E, à medida em que nos tornamos mais conhecedores do mundo, principalmente da filosofia religiosa ou não, da história e outras matérias humanas tece-se, dentro de uma tecnocracia imposta economicamente como um erro crasso de investimento a curto prazo, uma população operária mais “treinada tecnicamente”, mas ausente de consciência da própria situação onde é colocada, seus revezes sociais, e outras estruturas verticais. Não obteremos mais a validade de uma letra se dentro desta não se colocar uma coerência agigantada, posto de entreter-se já possuem dentro do sistema o apelo ótico-funcional como pedra fundamental do império que assombra qualquer país, o império citado sem país, um status, uma lógica acelerada. Enquanto não vivenciarmos cada vez mais os espaços urbanos estaremos em uma urbanidade de farsa, trancados em nossos displays com suas lesões de tendões amortecidos pela medida quase imensurável do que é ou não ilusão: de quem a fabrica e de quem a consome.

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