sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A TRANSPARENTE EMBALAGEM

            As embalagens são algo que reveste da cor, mesmo que ausente, o pressuposto da indústria. Por vezes mais cara que o próprio conteúdo. Quem dera não fosse bem assim, mas sente-se a diversidade na selva dos produtos. Torna-se meio algo factual, meio que se encerra em questões de preços em competições quase desiguais, e vemos que algumas delas não mostram muito charme, mas a tradição pioneira de uma fábrica que passa a não conter tanto interesse em caprichar muito nesses rótulos. Como um doce, ou outros produtos que se vende em feiras, em um mercado alternado. A questão mercadológica passa necessariamente nos termos atuais e contextos da tecnologia irreversível no modal do tempo e sua aplicação, ao processo de estímulos e respostas, como se fora algo de muita ciência, assaz complexo, mas não, é a história do positivo e negativo, input e output, uma linearidade de degraus duplos, um que sobe ao que desce e vice e versa. Como se houvera um consentimento tácito de controle, em que os recursos se bastam àqueles que mais os possuem, com taxas igualmente incidentes e que no entanto não se abatem com o crescer do consumo. Permanecem como incidência estatal, o que onera em intervenção, a que mecanismos reguladores continuam como fatores sine qua non do que se chama livre mercado. O imposto sobre produtos industriais paradoxalmente não se apoiam em uma proporcionalidade equivalente e lógica, quando continua onerando a escala que verte e a que reverte. Verte sobre um ombro e reverte em um cofre de banco... Tornasse em si risível essa acepção crua, mas que seja perdoada qualquer análise, posto seja assim como um relógio em que se dá uma corda continuamente a mais a que trabalhe a quem o dá corda. Funciona desse modo, e é irretorquível. A mesma transparência da embalagem enquanto visível não ocorre com detalhes enquanto semântica das prerrogativas econômicas. Estranho que possa parecer, mas as doutrinas mais factíveis não são ensinadas com a maestria da simplicidade, em que Leo Huberman talvez fosse interessante a um preâmbulo nas escolas, o que tornaria a história da troca de uma moeda por algo além da embalagem, tornando transparentes processos mais de história, mais de civilização. Como os livros auxiliam, e que retornássemos a algo de profundidade, mais cabal, a que compreendamos o teor da mercadoria, e que as crianças saibam que estão tomando um chocolate, não apenas Nescau ou Toddinho. Que seja compreendida a troca, ao menos, e a acumulação mercantil. Essa embalagem toda que nos reveste como um tecido imaginário, e que pontuemos que a imaginação possa ser um ícone cultural, mas a referência histórica leva um país a seguir adiante, não importando quais suas conformações, pois há de dimensões continentais certas dificuldades regionais em que a própria história de processos das nossas civilizações talvez não alcancem a dimensão do que é comprar ou vender, do comércio entre consumidores e fabricantes, entre Estados da Federação e entre nações e hemisférios. Resta sabermos quem nos faz o que, em relação a que consumimos, qual é a equação que leva um grão qualquer de alimento para as nossas mesas, e por que tudo é um parâmetro tornado complexo ao nível de imensas populações não terem condições de compreenderem o simples modal do atravessamento de transportes, e do auferir de lucros desmedidos: as safras queimadas no ostracismo, e o recrudescimento da ignorância pontuada pela tecnologia em seus segredos inextrincáveis perante o problema já crônico da alimentação do planeta.

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