Assim como vemos as coisas como
objetos, por vezes não as vemos como substâncias, como teor, razão de vida.
Pausemos para mais vivermos em harmonia pelo menos com nosso espaço mais
íntimo, do par que temos, ou de solitários que possamos ser. Assim, de virada
de um copo d’água, assim de lermos um poema, ou de transcrevermos para as
nossas vidas a energia vital de que necessitamos em nossas próprias veias. Não
precisamos obrigatoriamente ler nas entrelinhas dos poderes o que se apresenta
com a validação máxima, enquanto os mesmos poderes que podemos ter em relação a
algo, mas que seja, como um pai os tem em relação ao filho, ou uma mãe tem em
relação correlata. Os espaços íntimos não versam sobre apenas as relações
afetivas, mas igualmente nos comércios, no capital que alguns acumularam e que
não exatamente estariam explorando consciências para destas usufruir poderes,
justamente alguns do dito comércio fazem do mundo um cenário em que a roda das
sociedades gira consonante, coerente, e que disso possamos fazer fé, pois nada
é estanque em si mesmo, quando por vezes conceituamos as coisas não como são de
fato, mas através de um julgamento, não apenas muitas vezes antecipado, como em
maior fator, impróprio. Não se julga antes de se julgar em tribunais, quando de
culpabilidade cabal, e o que pode ser uma água idônea e cristalina para alguns
pode conter veneno, no que deve distar da aparente circunstância, da
culpabilidade forjada por opiniões ou provas fraudulentas. Nesse ponto, há que
se relutar, há que haver ação jurídica, mas não pode haver dentro do mesmo
campo profissional a farsa, pois esta deixa na história a mácula do regresso.
Não se pode admitir uma culpa a um mandato que fez do povo de um país ser
coadjuvante do progresso social, mesmo com as limitações que o poder das elites
impõe, sempre que algum mandatário tenta refletir e agir para obter o
favorecimento dos mais empobrecidos, dos mais carentes. Quando se diz em
República Velha, sabemos da história das oligarquias, e o que isso significava
para o Brasil. Não a reeditemos, pois não é a partir de pequenos grupos que
veremos o país se tornar grande: econômica e socialmente. Não precisamos passar
para a história uma pantomima parlamentar tão obtusa como um teatro de
marionetes de latas embrutecidas por uma arte de argumentação tão rudimentar
quanto para uma plateia que não se importa em quanto pagaram para ver o circo
montar-se. Tudo que se diz da democracia passa a não ter mais sentido, e o que
antes era uma constituição vira uma vítima da sede das conspirações que emanam
de muitos lugares, e que nos torna não mais um país que não está mais no mapa
da fome, mas algo em que a fome pelo poder transmutará, através de nossa
relutância em protestar com veemência, na carestia e desigualdade contra as
quais um governo popular lutará sempre. E que nos mantemos unidos, pois a
desigualdade deve ser sempre uma razão para que objetivemos, em nossas ações –
aí sim, necessárias – melhorias no campo social.
quinta-feira, 28 de julho de 2016
SOBRE RELUTAR OU NÃO
Pois que pensemos a sermos menos
relutantes em relação a muitos paradigmas que nos assombram, a que conheçamos
nossas raízes, nossos modos culturais, nossas idiossincrasias em ver de que outros
modos possam nos ver. Saímos de nossas casas a não saber como agir em
determinadas circunstâncias, mas a própria ação de fato não seria muito
circunstante quando pensamos em nossos ensaios mesmo que nos fazem ter um
conceito antecipado? Assim, como quando fôramos ausentes de qualquer ação, mas
que confiemos em nossas atitudes, no verbo algo relutante ou não, na dúvida que
nos passe, mas que não nos atravesse em nosso imo quando isso signifique
estarmos no quê de qualquer preparo – repito – de ensaio... Três garrafas quase
vazias me antecipam qualquer gole, enquanto escrevo, no silêncio sagrado de uma
música erudita. Em uma outra circunstância, as garrafas fazem uma falta
crucial, do líquido da água em sua simplicidade absurda e conexa com o mundo.
Pausei para tomar de um gole, em que a água verte quase mineral da torneira, e
há que rejubilarmo-nos desse simples fato. Há pão na cozinha, há do alimento, e
dessa consciência, quando o temos, há a sacralidade do ato, não necessariamente
religiosa, mas existencial.
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