quarta-feira, 20 de julho de 2016

A RAPIDEZ DE QUASE UMA PIADA

            A esmo de se escrever, sem a pauta das encomendas, sem o compromisso sequer de dizer algo circunflexo, outra pecha a se esconder em torno de palavras, pois o jornalista retrai a que os leiam aqueles em que o ego e seus substratos os impeçam... Um dia como outro, regado a possíveis bacanais imaginários, um solerte olhar para um templo, uma ofensa recebida de um hare krsna, a caminhada quase solene por meios de rua e suas outras quase ofensas de se ver alguns fantasmas de outros tempos e, quando se chega em casa, um maravilhoso livro de Carpentier que revela a dimensão quase explícita em se ler um grande escritor. Mas qual, falava-me alto a consciência contemporânea, não temos tempo a se ler ninguém de outras décadas, do milênio passado, apenas pausamos que um homem e uma mulher – mulata, que o fosse, com muchas gracias por existir – quem sabe, naquele sorriso lindo na porta de um ponto de ônibus onde os pivetes traçam linhas imaginárias com seus pequenos brinquedos. De se ver o mar, um mar suado a não ser tanto como existência imaculada, mas que ferve nos desejos da beleza, pois é lindo e ninguém o sabe como a poesia, e no entanto as prefeituras que porventura fervem por outros motivos descartam a menor possibilidade da recuperação das águas... Mas deixemos de lado a política, pois há que se pensar em escrever um sobretudo de passagens, algo que tivesse o cheiro de libertação, e não essa enferrujada questão existencial de estarmos quase visceralmente plugados em algo. Tá legal, o trabalho, as conexões, uma Turquia que se liberta, os canais paralelos, que já pensemos tanto no que for possível, mas na lida não é muito de que seja. Ah, mas como é sedutor o mundo moderno, meus deuses, como a rua está tão sossegadinha com os truques que somos obrigados a concluir deveras, como um passeio no domingo pode se revelar um conflito quando um homem passeia de bicicleta de boina no meio dos uniformes, como a loucura pede passagem por entre os hóspedes de certas tormentas ingênuas, como a informação pelo simples fato de seus números ou qualidades é ouro, mas na verdade os que a detém são simples pedras: rocas que não se mexem, que se fincam existencialmente nos seus propósitos de vivência cotidiana em diversas etapas freudianas... Pois visceral que fosse a escrita, que viesse como um rasgo igualmente cotidiano, há pois que se ser na memória de uma lei ou outra, saber transigir, não pintar mais o pensamento como frases acabadas e prontas, nem que seja verborrágica como uma infecção de um calor que não faz soçobrar um homem, enquanto possui a consciência de estar mais vivo do que nunca. Precisamos pintar as paredes para mostrar o expurgo de certos modus que não vivendis. Seria quase o cúmulo nos conformarmos com quase tudo, mas o que se expõe na tenda desses milagres é justamente a impossibilidade daqueles, pois a velhice, meus camaradas, é triunfo, e chegar rápido nela é melhor, parafraseando uma ofensa grave, de sabermos que na verdade há seres que se rejubilam quando falta um membro de uma família, ou quando se adoece, pois do alto de sua covardia inepta acima de tudo querem ver um forte se tornar vulnerável, ver a montanha desabar. Mas não desaba: ergue-se... Pois a queda de um líder, homem ou mulher, significa apenas uma transição, e que se possa pensar no corpo sendo devorado, mas o espírito ninguém tasca, meus irmãos!

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