quinta-feira, 10 de abril de 2025

Mesmo quando meus desejos são transgressivos, mesmo quando eles violam normas sociais, essa própria transgressão depende do que ela transgride. Paulo sabe disso muito bem quando, na famosa passagem em Romanos, descreve como a lei provoca o desejo de violá-la. Como o edifício moral de nossas sociedades ainda gira em torno dos Dez Mandamentos − a lei a que Paulo se referia −, a experiência de nossa sociedade liberal-permissiva confirma o insight de Paulo: ela demonstra continuamente que nossos prezados direitos humanos são, em sua essência, simplesmente direitos de violar os Dez Mandamentos. “O direito à privacidade”: o direito ao adultério, cometido em segredo, quando ninguém me vê ou tem o direito de se intrometer em minha vida. “O direito de perseguir a felicidade e de possuir propriedade privada”: o direito de roubar (de explorar outros). “Liberdade de imprensa e de expressão de opinião”: o direito de mentir. “O direito dos cidadãos livres de possuir armas”: o direito de matar. E, por fim, “liberdade de crença religiosa”: o direito de adorar falsos deuses. COMO LER LACAN.

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