domingo, 20 de abril de 2025

Em março de 2003, Donald Rumsfeld teve um rápido acesso de filosofia amadora sobre a relação entre o sabido e o não sabido. “Há sabidos sabidos. Essas são coisas que sabemos que sabemos. Há não sabidos sabidos. Isto é, há coisas que sabemos que não sabemos. Mas há também não sabidos não sabidos. Há coisas que não sabemos que não sabemos.” O que ele esqueceu de acrescentar foi o quarto termo essencial: “os sabidos não sabidos”, coisas que não sabemos que sabemos − o que é precisamente o inconsciente freudiano, o “saber que não se sabe”, como Lacan costumava dizer, cujo cerne é a fantasia. Se Rumsfeld pensa que os principais perigos na confrontação com o Iraque são os “não sabidos não sabidos”, as ameaças representadas por Saddam ou seus sucessores que nem desconfiamos o que possam ser, o que deveríamos dizer em resposta é que os principais perigos são, ao contrário, os “sabidos não sabidos”, as crenças e suposições negadas que sequer sabemos que abrigamos, mas que apesar disso determinam nossos atos e sentimentos. COMO LER LACAN.

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