quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A VERACIDADE DO GESTO


Apontar uma direção, respirar afogueado, transmitir uma compra,
Conversar com alguém, meditar por dez segundos, citar uma obra,
Tudo demande algo com que contar, nem que a atitude mais derradeira
De um instante qualquer seja outra primeira em outro local, nem que o sono
Seja a ação quase crível de se ter para remediar o cansaço de outra noite
Quando remendamos algo de substância para encontrar caminhos...

O ato-verdade, aquilo que desejamos mais profundamente, ou na superfície transparente
De uma vida em consonância com uma factibilidade não apenas na aparência, mas no imo
Se torna modo de ser, a veracidade com que compatibilizamos o gestual, as passadas das pernas
Como uma dança, um galgar espaços, uma mutação, um ato cavalheiro, uma mulher que pede passagem
E a ela seja concedido o espaço, e que no espaço de um local seja dada a largada para que outros entrem
E pensem no gesto, naquele gesto certeiro, na certeira fase do gesto, no ato do decassilábico gesto...

Anuentes que somos, perfilhamos um além do próprio mar
Quando vemos o planar de um pássaro na orla, ou uma pedra que não pede passagem
Enquanto mocetões passeiam enfeixados por academias, ou no esforço de outros
Que não carregariam troféus pela fraqueza nos braços.

Visto que formos mais palpáveis do que uma massa alterna
Seríamos outros mesmos além de nós mesmos, um próprio alterno
Qual indiscreta semântica de um livro oculto na estante
Ou no dizer secreto de uma rotina, quem sabe, saberíamos mais, talvez...

E que por outros passariam as vertentes sem rótulos, os caudais das frentes de um ocaso
Mais da raridade que da falta, e de serviços vários estaríamos repletos, a cada qual no cumprir
Mesmo que soubéssemos que servir por mais um dia, outrossim, seria no mesmo
Em que espaçamos o não descansar para agirmos em caladas noturnas bem prováveis...

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