terça-feira, 2 de maio de 2023

MADHURYA RASA


Eis que a lua transuda, eis que o homem a tece, deusa,
O homem consorte de Krsna, o Todo Atrativo e, quem dera,
Em sua forma de mulher, Mohini Murti, ou outras formas de mulher,
Pudera, a semideusa faz a lua se esconder provisoriamente por trás da nuvem...

Eis que surge no pensamento do homem, a luz, clara como a escuridão da noite,
Clara, na noite negra, na noite da tez de Krsna negro, em sua encarnação do milênio,
Mas que Deus seja a forma feminina, o tudo, o nada, a pétala que a mulher carrega no sexo.

Pudera, a lua combate as formas das nuvens, e o homem contempla na sua liberdade
Imensa de ter visto o Sol, e Vivasvan ponteara a sua escritura por sobre a superfície
Da sabedoria das auroras védicas, e madhurya é a rasa transcendental que o homem tece...

Por Deus, o homem olha para o lado, e vê a pequena formiga, e Krsna nela reside, no ser...

O amor pela lua, as nuvens de presságios, a visão de Krsna, tudo não é um cinema
E jamais seria uma lente capaz de registrar tal timing...

O homem é feliz, a Deusa é deusa, e Krsna se torna mulher, e o consorte fica feliz,
Posto sendo uma parte do Todo, o hólos, apenas um conhecimento de cinco mil anos!

Esse querer de Krsna, essa rasa transcendental, signifique apenas a relação conjugal a Deus.

Pois por vezes a visão de um dia possa ter sido dantesca aos olhos do poeta, em certos vieses,
Consagra a noite o viver de um simples índio na frente de sua oca, na matilha que não vê
Dos seres noturnos, enquanto fuma do tabaco, qual pajé em luta com o homem branco
Que por sinal não aceite que na torneira do homem o homem crê que a água tem seu espírito!

E a Índia torna possível ver o céu, ler o céu, e tudo o que resignifique a existência, posto sem droga
A sobriedade do homem o transfere para uma clara visão fúlgida da lua que reverbera alva
Sobre as silhuetas de suas casas da rua, e as luzes do poste são Krsna, posto vir do sol
Que alimenta as usinas com as chuvas, e toda a Natureza tem seus espíritos,
E o índio respira aliviado, vai cansando um pouco do fumar o charuto e discorre sobre o dia
Que ressurgirá na aurora da próxima manhã, e a lua, agora, livre das nuvens,
Envolve a Terra, planeta mulher, de algo que muitos sequer notassem a presença
Quando da luz tíbia de um smartphone, conversando sobre a próxima entrega da cerveja
Ou de outra lata que virá em um motoboy, encerrando a noite sem deuses,
Ou na entrega de um si mesmo outro que não seja apenas mais um índio perdido na cidade!

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