Eis que a lua transuda, eis que o homem a tece, deusa,
O homem consorte de Krsna, o Todo Atrativo e, quem dera,
Em sua forma de mulher, Mohini Murti, ou outras formas de mulher,
Pudera, a semideusa faz a lua se esconder provisoriamente por trás da nuvem...
Eis que surge no pensamento do homem, a luz, clara como a escuridão da noite,
Clara, na noite negra, na noite da tez de Krsna negro, em sua encarnação do
milênio,
Mas que Deus seja a forma feminina, o tudo, o nada, a pétala que a mulher
carrega no sexo.
Pudera, a lua combate as formas das nuvens, e o homem contempla na sua
liberdade
Imensa de ter visto o Sol, e Vivasvan ponteara a sua escritura por sobre a
superfície
Da sabedoria das auroras védicas, e madhurya é a rasa transcendental que o
homem tece...
Por Deus, o homem olha para o lado, e vê a pequena formiga, e Krsna nela
reside, no ser...
O amor pela lua, as nuvens de presságios, a visão de Krsna, tudo não é um
cinema
E jamais seria uma lente capaz de registrar tal timing...
O homem é feliz, a Deusa é deusa, e Krsna se torna mulher, e o consorte fica
feliz,
Posto sendo uma parte do Todo, o hólos, apenas um conhecimento de cinco mil
anos!
Esse querer de Krsna, essa rasa transcendental, signifique apenas a relação
conjugal a Deus.
Pois por vezes a visão de um dia possa ter sido dantesca aos olhos do poeta, em
certos vieses,
Consagra a noite o viver de um simples índio na frente de sua oca, na matilha
que não vê
Dos seres noturnos, enquanto fuma do tabaco, qual pajé em luta com o homem
branco
Que por sinal não aceite que na torneira do homem o homem crê que a água tem
seu espírito!
E a Índia torna possível ver o céu, ler o céu, e tudo o que resignifique a
existência, posto sem droga
A sobriedade do homem o transfere para uma clara visão fúlgida da lua que
reverbera alva
Sobre as silhuetas de suas casas da rua, e as luzes do poste são Krsna, posto
vir do sol
Que alimenta as usinas com as chuvas, e toda a Natureza tem seus espíritos,
E o índio respira aliviado, vai cansando um pouco do fumar o charuto e discorre
sobre o dia
Que ressurgirá na aurora da próxima manhã, e a lua, agora, livre das nuvens,
Envolve a Terra, planeta mulher, de algo que muitos sequer notassem a presença
Quando da luz tíbia de um smartphone, conversando sobre a próxima entrega da
cerveja
Ou de outra lata que virá em um motoboy, encerrando a noite sem deuses,
Ou na entrega de um si mesmo outro que não seja apenas mais um índio perdido na
cidade!
terça-feira, 2 de maio de 2023
MADHURYA RASA
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