quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

UMA SUPERFÍCIE DE LINHO CRU

 

A engrenagem não condiz com os dentes enlameados
Na pressuposição de ser um rotor e seus gestos
Nas letras que agora vêm novamente à tona
Naquilo que não se possa traduzir novamente
À luz da interpretação de um tipo de filme já ultrapassado
Por um tempo de outrora de noite anterior delirante
De um delírio algo de loucura real e consonante, sob música
Que perfaça algo de burlesco quanto de sabermos ser do som
A verve quase inconsútil de um mistério glorioso do terço
Que possa porventura ocorrer em uma catarse religiosa

No quadrilátero de uma casa, ou em uma conformação
De um processo algo largo algo investigativo no julgado!

Como um resoluto respirar sereno, as lagartas já ensaiam outros sonos
Na esperança de saberem-se parte de uma obra que telegrafe longamente
Um pensamento de flores em que a crudeza de um dia se torne a ternura de outro!

De se amar a superfície túrgida de uma noite fascista, um toque quase incidental
Nas mãos ternas de uma mulher que seja de fato real, e que seja factível
Com as delicadas faces de um amor maior, nem que para isso tenha
O sorriso indiscreto de todas as princesas, nos lençóis acetinados
Daquelas manhãs em que amanhecemos embriagados pelo amor...

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