domingo, 6 de fevereiro de 2022

POR VEZES TEMOS UM ENCONTRO COM O VERBO

 

         No tanto de compreendermos quiçá uma simples sílaba, o caminhar silencioso de um escritor possa nos redimir que depois de um período confortável de entendimento, igualmente silenciamos todo o parágrafo, na falta inenarrável que nos dê alguma reticência, ou uma exclamação no final da frase que encabece um grande significado. Escrever é algo tão mágico que transcende aquilo de possuirmos o poder da digitação e da impressão digital quando postamos na relação univitelina com o nosso próprio Ser! Quando chegam as horas mais confortáveis, quando cumprimos mais uma missão de um dia, iremos ter a noite como confidente secreta de amores em que Orfeu nos abre os braços ao menos para que possamos descansar o sono dos justos. Não há amarras apenas, há um caldo em que mulheres partem em navios a assombrar os mares sem a justificativa de encontros na cabine do capitão, sem as reservas dos amores possíveis, mesmo que o navio traga, em seu movimento, as visitações de outros barcos. Nada se torna secreto dentro de uma semântica que existe confabulada e crua dentro do pressuposto de uma razão trigueira que nos traz o sabor de colheitas no recôndito de nossos lares, sejam estes barcos, praças, mares, terra, uma nau atravessando o céu, sem sabermos exatamente o que nos espera nessa aventura que erra e que espaça o próprio tempo, a quem saiba ver e crer na questão…
        Seria muito dignar-se a escrever as linhas em que navegamos por orlas infinitas nas sombras de cada particularidade de seus desenhos no quebrar nas areias? Somos ondas infinitas, mas os nomes de Krsna são inumeráveis, como tanta é a dimensão de Deus, o mesmo Krsna Todo Atrativo, como de cada qual seremos melhores, por tanta acepção crua de sabermos que nem tudo é um máximo como Isso, esse isso que reitera por vezes uma ofensa velada se considerada apenas a palavra, peremptoriamente. Nesse mesmo passo contínuo vemos uma estrela em forma de mulher a recriar o nosso amor, vemos a galhardia de uma atleta no vôlei da vida, dando um saque de guerrear nas mesmas estrelas, quando por ventura a bola se choca na manchete. Sim, seríamos maiores do que o simples jogo, ou que sejamos virtuosos na senda de uma imaginativa chance de abarcarmos uma visão surreal, e externarmos competentemente nas letras, sem nos preocuparmos do atraso semântico, ou se não temos a preocupação cotidiana de um cotidiano integralmente compulsório, seja de que lado estejamos, ou quiçá, que porventura estarmos cônscios de que esses lados isolam a vereda de nossa visão para um axis ou outro. Questão dialética da geometria, e, sem por causalidade, interrompermos uma ingerência externa, quem sabe a mesma possa catar na inteligência recriada da escrita uma fonte mais confiável na lógica hegeliana do essente, do ser em ser… Não que sejamos tão partícipes de uma longa filosofia, mas que esta se revela ser mais forte do que um homem pode transudar verdades, posto não engatilharmos nossas propostas do livre pensamento naquilo que uma cartilha quase infundada nos queira resgatar do limbo presente para colocarmo-nos no limbo ausente.
        Essa veemência do contraditório nas leis que pensamos existam cabalmente vertem no casco da embarcação cracas tão oceânicas que por vezes as línguas estrangeiras são ternas quanto de sairmos de um entrave onde ternamente as coisas possam não permanecer, pois as modas de hoje são tão heroicas quanto as pedras que permanecem imóveis sem a premência em sofrerem a modelagem de milênios, enquanto o mar que as castigam sofrem da interferência lodosa dos sonhos de maré invadida pela farsa… A quantidade das águas soletra suas qualidades, e será óbvio afirmar que a motivação de que estamos ausentes do sentido máximo da justiça é ver que o mesmo lodoso fundo de um mar condenado estará presente no lodo que abraça o pensamento da diáspora humana. O poeta sua uma notícia baseada nas flores, e não descansará jamais seus braços e pernas quando carregar a cruz mais pesada que o espera no fim de sua vereda. Até que os sonhos e o onirismo destes descambem a acertar os ponteiros mais distantes de uma hora propícia, em que os pombos ensaiem seus erros na acepção de estarem conformes com seus achados do alimento: tipo um pão que brote de uma lixeira ou de uma casca de ovo com pedaços cozidos de claras, quiçá encontrando, o pombo de sexo humano, o ser que não encontraria jamais pegando seus restos. Ver-se-á a latitude do regresso, ou será que a plataforma da filosofia não encontre mais argumentações, ou mesmo uma especulação sadia por interveniência das palavras, posto que estas vertam, que tudo é progresso…!


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