sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

VERTENTES DOS SEM HORAS

 

Cabe a um facho de tíbia luz
Arrefecer os ânimos de escaladas
Onde o gelo não solidificou totalmente
Ou onde – bem quiséramos – se torna breu…

Não, a cada minuta das investidas dos sem horas
A poesia toma as rédeas em posição nunca vista
Sob o umbral que alguns pensam ser de pedra
Mas que de plástico seja mais palatável a estrutura!

Do que o poeta pense não importe tanto,
Pois o âmago dos sem horas não revele muito
Nos olhares concentrados em realizar o lavoro
Na imensa corrida sem largada e sem pódio.

O ósculo de traição que nos espera seja ao menos
Salutar sem ser do selinho pro forma dos anjos
Nem algo melífluo similar a uma mesa de jantar:

Onde os copos não se erguem da copa
E nem caminham sobre o piso inquebrantável do concreto.

Seria, sim, algo de temores escondidos em reminiscências
Na cor lapidada de reforços em naus trigueiras
Ou na vida daqueles que não escondem o intrincado jogo
Onde os mananciais da certeza se perdem nas razões de cristal.

A cinco e tanto e mais um pouco erigimos uma meia ponte
Em que se somam mais e mais dias para confabular a veia
Com a outra que se encontra em pulmão salutar
Quando de sabermos que nem todo o cigarro é proibido!

Assim seguimos, ao prumo de contendas secretas
Na voz e no infortúnio de estarmos atentos ao nada
Quanto do merecimento de cada escala, dentro da possível ordem
Que nos remeta ao vocabulário estendido por questões
Em que tecer limites na desforra é descalabro da ignorância.

Seríamos factíveis de saber que nossas vidas são geradas
A princípio na inocência do amor, e que essa premissa
Não seja guarnecida pela insistência da hipocrisia
Onde julgares são cometidos a cada instância antes da primeira…

Nisso de sabermos quem somos e onde estamos, lembremos
Que na versão do ser ou não ser, onde ficaremos no nada
Quando de cada passo em cima do cimento e dos pequenos matos
A vida não encerra em si um término, pois antes seja merecedora
Das questões próprias de um tipo de acaso e de promessas
Não cumpridoras do afeto que sabe melhor às frentes
Mas jamais poderá dizer o que é melhor para a luz de ré!


Nenhum comentário:

Postar um comentário