domingo, 23 de janeiro de 2022

ANTES DA EXISTÊNCIA DE UM SER

 

Assim como uma cápsula efervescente,
Assim como uma música de um vivente,
Assim de se sentir apenas um bom sentimento
Que não, que não nos baste sermos bons
Quando o que se espera é uma batalha
Quase quadrilátera, posto o carro
Já esteja da cor da guerra, que a guerra
Dá um tesão na maldade, assim como
A loucura de um pobre vitimado do sistema
Esboça um ricto na face do algoz
Como em um verdugo não há sofrimento em matar.

Que seja colocada a palavra e que não seja vã,
Pois o que se sente é sempre uma conotação dual
Entre lados opostos, entre polos energéticos
Entre o negativo e o positivo
Ou entre o que se nega e aquilo que é da certeza.

Não, não há possibilidade de libertarmos o ser
Que nasce ontem de um mundo sem clima
Como não há clima entre a loucura racional e a normalidade insana!

O que importa é que o território da poesia é único
Dentro de suas particularidades, posto não haver condena
Dentro da verdade e seus propósitos de elucidar
O crime da censura em um duro olhar
Que não educa o próximo evadindo-se do critério salutar.

Quando tocamos uma avenca em um matinho
Verte-nos a ternura do acolhimento
Assim como um ser que volte a ver a vida
Dentro do escopo de maravilhosa biologia.

Nos critérios da vida saibam que a poesia não engana
Pois mergulha profundamente na sabedoria do inconsciente
Depois que este recebe em seus leito de areia da profundeza
Os cascalhos informativos que o mar recebe em sua superfície
Nos dias em que as farsas são ou não aceitas pela consciência!

Como o carinho que o homem faz brotar nas pernas de uma mulher
Quando tece a ternura de seu ventre e prorroga antiga razão
De não querer mais provar nada a si mesmo a não ser a companhia
Indelével do verdadeiro significado da palavra amante…

Quando não se vê em torno de um nada um ser que não remete
Ao considerar-se uma escala em um outro tornar-se a ser
A existência nos remeta à fé que temos em nossa salvação.

Tudo teria um significado mais afetuoso se nenhuma culpa
Fosse obtida de referências relativas, daquilo que prepara ou conclui
Ou do antes citado por próceres, e remediado na manipulação do fim.

A finalidade mais óbvia da linguística é descobrir antes a primeira impressão
Para, com base em questionamentos mais complexos, encontrar linques
Que entranhem, qual medusas oceânicas, seus tentáculos dentro
De mentes que por dureza por vezes vencem por serem totalmente inocentes!

E a métrica matemática do ritmo nos encaminha à música da poética
Quando encontra muros em olhares duros, ou incertezas pétreas
Na arguição serena da qual o vertiginoso e atávico analisar
Perpetua mãos furadas que vertem o ouro de novo para o aluvião...



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