sábado, 5 de abril de 2025
O famoso truísmo de Jenny Holzer, “Proteja-me do que eu quero”, expressa de forma muito precisa a ambiguidade fundamental da posição histérica. Ele pode ser lido como uma referência irônica à sabedoria chauvinista masculina típica segundo a qual uma mulher deixada por sua própria conta é envolvida em fúria autodestrutiva − ela precisa ser protegida de si mesma pela dominação masculina benevolente: “Proteja-me do desejo autodestrutivo excessivo em mim que eu mesma não sou capaz de dominar.” Ou pode ser lido de maneira mais radical, como apontando o fato de que na sociedade patriarcal de hoje o desejo da mulher é radicalmente alienado: ela deseja o que os homens esperam que deseje, deseja ser desejada por homens. Neste caso, “Proteja-me do que eu quero” significa: “Precisamente quando pareço expressar meu desejo mais íntimo e autêntico, ‘o que eu quero’ já me foi imposto pela ordem patriarcal que me diz o que desejar, de modo que a primeira condição de minha libertação é que eu rompa o círculo vicioso de meu desejo alienado e aprenda a formular meu desejo de maneira autônoma". COMO LER LACAN.
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