quinta-feira, 13 de junho de 2024

SOMBRAS


Sombras aparecem no turvo da noite
Túrgidas, no conflito de um olhar mortiço da fissura
Ao que ter-se, dois mangos ao menos, e pedem, e fazem pressão no escopo do Brasil
Mesmo sabendo que os abrigos cá estão, e que o problema é social, e disso não querem contar...

As sombras vertem as vestes soturnas, de lua incerta, da solidão do funesto, do ser que não é
Ou a aparente forma disforme da miséria, no que a disparidade é tão grande
Que um simples gesto de uma carteira inflama os desejos de posse
Qual sonambúlico desejo, e aqueles que ajudam são perseguidos nas falas do oculto...

Sejam as grades a liberdade do agora, seja a rua a liberdade do oprimido nas noites
Quando sai, em disfarce com as pedras da terra que está impermeável como a usura
E sustenta passos que nem o Cristo remontaria, pois essas criaturas já não sofrem
Pois há muito estão aquém do sofrimento que cabe a um simples ser humano.

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