Página lilás de sombras
No significado carimbado e nulo
Situado naquilo do pensamento do esquadro
Ou na renitência do ósculo incompleto...
Página alva, do albor secreto
Esquadrinhado no sonho de semente de chumbo
Quase rota no verso escuso
Mas que talha de rumor um quase sentimento...
Página sem cor, sem vida de celulose nua
Como a alfombra de tessitura de cigana morta
Quando de um punhal aquietado se torna eterna
E freme na vida que fosse apenas um típico roteiro...
Página de Carmen, de touro inquieto,
De Corbusier, de Lamarca, de chão e cheiros
Nos infinitos desditos de não sermos sequer quem seríamos
Quando, tristes, desfilamos em um sete de novembro...
Página alcantilada, melíflua, sem dó
Nem iridescência rútila na mesquinharia da arte
Quando atravessa um happening de outrora
Ou na instalação de um tigre de cal e cimento...
Página que verte o final de um dia, que encontra e desvanece
E pensa, paginada na Pagú e na frente de algo
Onde a vertente mesma da mulher
Olha a si mesma e se descobre mais verdadeira...
sábado, 23 de março de 2024
O DOCUMENTO EM BRANCO
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