quarta-feira, 20 de março de 2024

O AMOR COMO MODALIDADE DE AFEIÇÃO


                Seria mais fácil e simples a vida se acreditássemos no amor, se porventura negássemos quaisquer conflitos, seja ideológicos, seja de construção de sociedades onde porventura se pontue que apenas através de modalidades de luta é que se consiga algo. Podemos crer na comunhão, na paz entre os povos, na importância da caridade, na vida espiritual real, na crença de cada qual em si mesmo ou em Deus, não importa, não estaríamos impositivos jamais em sociedades mais justas se quiséssemos que todos pensassem da mesma forma...

                Podemos crer repetidamente que o desamor passa pelo Deus despótico, desejoso de vingança, esse Deus não deveria ser colocado como objeto de crença, mesmo porque, politicamente os governos se sucedem, e no escopo da democracia havemos de aceitar aquele auto denominado mais progressista, quiçá até socializante, posto isso nada tem a ver com desapropriação da propriedade privada, mas apenas a atenção que se dá para as populações vulneráveis, é essa a qualidade de um governo de cunho popular. E por que não afirmar, isso tem a ver com amor, um amor de construção, de atenção, estruturante, sólido e mais distributivo na ordem econômica, pois na verdade não seremos melhores se não olharmos para uma concentração absurda de riquezas nas mãos de uns poucos, enquanto temos nas ruas milhares e milhares de cidadãos em estado de miserabilidade e carestias...

                Essa tentativa que possuímos no íntimo de ignorar os problemas do próximo, esse egoísmo de sermos hedonistas em excesso, de querermos apenas usufruir de benesses onde só uns poucos tem direito por terem nascido em famílias “nobres” faz com que na verdade o amor que tivéssemos pela humanidade parecesse se diluir, deixando muitos perdidos, inclusive trilhando caminhos falsamente libertários, pensando em coisas que na verdade estariam igualmente fora do escopo da democracia.

                O que se queira de um governo democrático é que este respeite suas instituições, e porventura, em épocas de transição e de crises institucionais, de ameaças fascistas, como tem recorrido a tendência no mundo, esses ruídos demandam que o Estado brasileiro, por exemplo, se torne mais forte, no sentido de ter um controle maior sobre o que acontece no escopo da nossa segurança institucional, para citar um exemplo mais concreto. Quando quebraram tudo no oito de janeiro, as ameaças eram pungentes, a selvageria tomou um vulto tão grande que houve de certo modo uma organização por detrás, houve muita comunicação e a coisa se integrou até o ponto de se encontrarem, essa chusma louca, para tentar o golpe a qualquer custo. O governo federal e seus agentes agiram prontamente, e por vezes certas prisões não foram devidamente justificadas, mas esse é um sinal intervencionista cabal e civilizado frente a algo que foi uma barbárie generalizada, igualmente citando o caso do bóing que quase foi explodido pelo caminhão de gasolina em quase um atentado terrorista, felizmente desbaratado a tempo. Agora, temos a boa nova de que Mariele Franco terá seu crime desvendado, saberemos quem foram os mandantes, e isso é obra de um trabalho policial exemplar. São efetivamente boas notícias, sempre que a barbárie no país pacífico que é o nosso for contida, pois nunca sofremos conflitos fortes internos, como a guerra civil americana, a revolução francesa e etc. Se agora há agentes estrangeiros querendo demandar barbáries por aqui, devemos conter, justamente porque a época do golpe de 64 não deixou de ser um período de terror no país, e faltou resistirmos prontamente, quando Jango à época não julgou e penalizou aqueles responsáveis por toda a trama que culminou no desfecho que bem conhecemos. Agora, relendo o passado e vendo os erros em que frágeis democracias já perderam para processos tirânicos, já sabemos que qualquer ameaça de intervenção militar, configurando golpe de estado, será debelada pelos instrumentos legais de uma democracia que só tem a ganhar, no processo de união e reconstrução da pátria brasileira.

                Falando finalmente no amor, será na erradicação das ameaças a que tantos se penalizam a si mesmos, quando muitos de seus familiares se envolvem com tóxicos, inquietações de ordem política e financeira, existências rompidas por questões ideológicas fracassadas, ou por questões de carreira e frustrações profissionais, afetivas, ou de qualquer Natureza, sabemos que a vida não é fácil para a maioria, mas será melhor se estivermos vivenciando uma estabilização social sólida, para que possamos enfrentar as dificuldades sem as inquietações decorrentes no escopo do que conhecíamos como períodos de transição e que, pouco a pouco, passo a passo, já temos como experimentar novas possibilidades existenciais mais plenas, no escopo de termos boas relações internacionais e ligações mais verdadeiras com os nosso iguais: e diferentes, desde que estejamos em um processo civilizatório equânime e saudável no escopo humano.

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