Passante e meia, naquela hora, que me perdoe a aurora que tecemos a vinda de amanhã, passava Adélia, meio sombra, por vezes, meio turva, e outros, mais coloridos, dentro das casas, e suas calotas em seus carros, daquele plástico aço, trançado, lembrando contextos, como uma lua de lata que não houvera, mas me encantava aquele sorriso de Adélia...
Assunto
que se mudasse, meu olhar mudava, o violão se tornava madeiro, as cordas
soavam, e aqueles coloridos vizinhos, perscrutando o lócus, seus habitats de
sempre, seu viés daquele horário das visitas de domingo, sempre o violão
estaria passando entre a minha mão, e a melodia era parecida, mas eu conseguia
sempre reinventar um pouco, posto haveria sempre a possibilidade harmônica...
Dito assunto outro, que outro encontro se dava, meus cigarros animados, quando
largava a xepa dentro do cinzeiro de latão e o limpava, e soava o gongo chinês,
e o chinês dormia do outro lado do mundo, quem sabe esperando uma viajem, quem
sabe o nosso Presidente também esperasse algo, e outro, quem sabe que vinha do
Governo, passasse a dizer coisas a um escritor, e a letra agora nada falasse a
respeito, pois o caso já encerrava, que eu vira coisas na minha vida, e que não
temam pela minha salvação, pois essa competência eu tenho desde que nasci, e
não foram poucas, nem boas!
E se
dizia, uma mente alcoólica, sim, não estará preparada, tem que iniciar, e eu
penso, já recebi uma iniciação em muitas coisas, e a coisa é construir, quem
sabe, Adélia, eu divagando, e ela volta, e antes um senhor me pede um trabalho
de bico, um troco, e eu nego, que não posso, tenho apenas cigarro, e a minha
jaula eu a amo, pois vejo a rua, nada de jaula, eu abro a minha, sempre que vou
à rua, mas é que se fechar é melhor, o cachorro grande não entra, e nem o
caititu que se perdeu da manada, mas eu não sou onça e não vou jantar caititu,
mas tem gente que quer encontrar uma onça, então prefiro ser apenas um simples
homem, um homem, um carro na frente, uma casa, uma mãe enferma, e toda uma
semana já para cumprir, pois hoje Cristo ressuscitou e, não é nada não, mas
para mim tem todo um significado, me põe no mínimo muito mais feliz. Tipo
assim: como se eu tivesse sido um goleiro não vazado no dia inteiro, mas os
tiros vieram de bico, e alguns não tinham pontaria, então era como só observar
a linha de fundo... Os do ângulo foram bons, mas sem força, e os da trave deu
para espalmar com facilidade! É o que sei fazer, jogar no gol, aguentar, mas a
Adélia já passou, e queria ver se estava com que cor a roupa, mas a gente
colorida eu vi, e seu carro partiu depois de partir Adélia, e depois disso nada
mais de Adélia, nem a ponte hoje eu vi, mas encontrei gente, bastante,
garçonetes, garçons, e basta, posto no encontro com a gaivota que deu um
rasante na minha frente, no mar, eu a vi sumindo no céu e voltando, e eu queria
ser esse pássaro e nele me transportei por alguns minutos, e voltei, chovia, e
comi, e conversei, e encontrei com muitos, não poucos, no dia, que permaneço no
dia, no dia me alimento, a noite é para que as luzes adormeçam os postes
alimentadores do que descanse...
Agora,
dez, de volta à casa, a paz de mais uma páscoa, e tudo retermina para recomeçar, e neologismos são a própria veia da
gente, dizer algo que não exista para resignificar,
aí, talvez exista essa palavra, mas se não há, tenho apenas mais esse palavra
para dizer que respiro aliviado por ter podido guardar a bola em segurança e
poder se deus me permitir, voltar a jogar no próximo domingo, com a
simplicidade do esporte, que nos deem as forças as sustentações necessárias
para que possamos crer que em nossos distritos a paz reine soberana sob o reino
da concórdia e do diálogo, através dos encontros saudáveis e ausentes do
egoísmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário