Fremir algo de sentimento pode
parecer algo casuísta, se for levar ao termo de uma linguagem quase simplista, mas
igualmente pode alcançar a vertente de um verbo que nos obscurece a razão, pois
que não se encontra mui facilmente no uso dos costumes da atualidade, qual
seria, não é o verbo odiar, este sim, francamente usado... Quando se pensa no gesto,
para alguns, vem a ideia do código, sem o par por vezes equivalente, eis a
questão! A posição em sincero denota o sentir-se e, por vezes, não se sabe
exatamente por que cargas dágua, não podemos ou não temos a sensação de
podermos esboçar – que seja – o simples sentimento de afeto, quiçá por razões
políticas, ou coisas similares, mas isso por interveniência na maior parte das vezes
quando levamos um termo de vida mais autêntica, quando esta destoa dos padrões
sistêmicos esperados, o que glorifica o viés da desordem que nos imputa sermos
agentes, a não ser que façamos nos valer de inteligência majorada e nos
colocarmos a serviço, nem que seja de uma gleba, ou um núcleo existencial, ou mesmo
uma família, uma rede de amigos, ou quiçá membros de um grupo qualquer, o que
nos torna mais gregários, posto o ser humano não existe sem o ser coletivo, ao
menos em dois, ou mais membros... O diálogo dos gestos sinceros subentende
alguma intimidade, e talvez essa abertura social seja a modalidade causadora da
solidão, quando por vezes nos doamos ou cedemo-nos afetivamente e o feed back
nem sempre vem do mesmo modo. Talvez isso explique a estranha modalidade que une
usuários de droga, como se porventura isso se tornasse um tipo de conivência com
uma independência, ou protesto comportamental, um tipo de quase regra, um tipo
de clube onde os membros sejam signatários de se entorpecer para pertencer a um
grupo, assim como o álcool já faz parte do escopo social e do uso que se faz da
sociabilidade e do convívio cultural do homem e da mulher, muitas vezes culminando
em abusos trágicos. Quando se busca uma origem cultural nas coisas fica mais
fácil perceber o que acontece com a falta do carinho, a defasagem de não se possuir
mais ternura, e tanto o álcool como a coca não contribuem largamente para que
isso aconteça, pois qualquer substância que nos tire a razão por vezes se torna
a passagem mais curta para o descontrole, o vício destruidor, e o rompimento
dos mesmos laços afetivos que tão enormemente os pares tentam construir a
partir dessa imensa ilusão que é a adição a drogas e álcool, como motivação do
gregário, do se construir, de se erguer algo, o que na verdade não possui alicerces
perenes, a não ser a manutenção do hedonismo e da busca de resultados que por
vezes culminam no ponto crítico do manuseio, comércio e crime decorrentes – na ponta
– para se manter o consumo.
Mas o gesto não é tão simplista
quanto apenas as questões relativas ao surgimento dos grupamentos humanos, bons
ou nocivos... Pode ter a ver um pouco com a arte e, mais uma vez, a cultura
ponteia seus significados que elucidam questões sem a complexidade do que se
argui sejam questões de um mundo contemporâneo, onde muitas vezes a juventude
se coloca no meio do viés das comunicações, entre os displays, e muitos buscam
um contato, e o mundo já dá provas disso, com a Natureza, com o mundo exterior,
ainda crendo, dentro do contexto mais simples, em encontrar as gentes no mano a
mano, fora da contextualização da informática, supondo ser mais humano o processo
existencial da sociedade, tal qual tem se revelado, no surpreendente viés da ida e
da volta, do progresso e do regresso, da máquina e da ingerência anímica e
espiritual, do ventre e do amor, do gozo saudável fora da semântica da
performance, isso devidamente esclarecido pelo fato de que a humanidade está em
guerra, e eros e thanatos tecem sua luta diária, nos seus instintos criadores e
destruidores, concomitantemente. E o teatro busca na cultura seus trejeitos
mais saudáveis, recuperando a arte e colocando em contato principalmente a juventude
com a modalidade algo de prática, de fazer a parte cenográfica, da maquiagem,
do atuar do ator, da direção, como um modo de se aprender, assim como no
cinema, um pouco menos sugestivo porquanto mais digital hoje, em suas
modalidades produtivas, o fazer da arte de modo artesanal, o contato com os
materiais, e a arte como ela é, sem necessariamente termos que levar a nossa
vida eternamente com silogismos ou insights lógicos, o que nos sobrecarrega
sobremodo, pois de sistemas o mundo já está plenamente repleto.
No lado afetivo, redescobrimos no
gesto a latitude de nosso corpo, como não uma máquina funcional feita de
alavancas, ossos e músculos, mas algo que transcende esse espectro
reducionista, posto não estamos no mundo para o combate, mas para amar e sermos
amados, posto se não fora, a guerra seria a única saída contra a guerra, e
nisso a vertente da intelectualidade mesma a respeito do autoconhecimento nos
revela que somos mais do que carne, e que o gesto do toque fraternal pode ser mais
construtivo – e efetivamente é – do que um golpe de caratê profissional.
Para tomarmos ciência da latitude
do gesto temos que praticar continuamente, tentar aprender as histórias com os
mais velhos, traçar e planejar o nosso destino, não se intoxicar se possível,
nos resguardar e andar mais seguros em boas companhias, e estudar bastante, lidar
com a leitura e a razão como se o aprendizado fosse algo de um dinamismo
escorreito e simples, a cada passo de nossas vidas, pois é escutando, buscando
uma vida melhor que estaremos estruturando a reconstrução de nós mesmos, e será
sempre em uma sociedade livre que estaremos em condições de estabelecer
melhores vínculos com essa necessária sobriedade de caráter e consecução
extática com o amor e suas profundas modalidades existenciais...
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