Na
chuva de dias e dias vemos a praia, por vezes do alto
Em um
alambrado ou mirante, e descemos a pisar areias
Quando os pés
sentem a maciez de seu existir fragmentar
Em que verbos e
madeiros surgem na poesia do artista
Sabendo-se ser a
necessidade impecável da existência
Quanto de sabermos que a
saída é ver a visão do mar…
E, quando descemos à
praia, vestidos do rumor inquieto
Na mansidão paradoxal do
espírito que nos reveste as pernas
Caminhamos rumo ao
distantemente próximo nicho
Em que nos perdemos frente ao
teorema de nossas vidas
Mas voltamos a nos encontrar na
imensidão do tapete de d’água.
Em que verdades residem
nossos olhos, creiamos, talvez não saibamos
Quando encontramos
um grande camarão quase púrpura, de um azul
Na serenidade de
nosso olhar, na chuva, a água brotando de uma manilha
Em que,
porventura, um pequeno objeto de espuma, fragmento de boia
Brota
como um sonho na cachoeira inventada, uma água pluvial
Em que
quando citada por vezes queiram: assume o tom surreal…
E
segue a maravilha dos tempos, um tempo em que as envergaduras
De
pássaros de mais altitudes relembram os botes do falcão
Como
em planadores calmos na velocidade lancinante do olhar
Quando
relembram pescadores ferinos em sua sabedoria
E terminam os
inícios da manhã em pescar as suas mantas
De cardumes quase
invisíveis ao olhar de um passante rotineiro!
O modo
veraz de ver o mundo será um tanto que não nos reduza
A um
período meridional ou a fama de um povo setentrional
Quando
seja a questão maior de se ver que, na luz cinza de um dia chuvoso
O
camarão azul segue o seu ritmo cadente de rumar fundo às marés...
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