terça-feira, 31 de maio de 2022

A VIDA EM LIBERDADE

 

Qual não seria um lençol de cetim acetinado
Em uma água profunda sob o leito de pedra
Marmórea que fosse, que fosse de Carrara
Onde Miguel Ângelo, mesmo que descobrira
A rocha de Pietá não ousaria retirar da terra
A obra maior, platô da Natureza!

Livre é a compreensão, nem que a arte seja
Algo maior do que a versão mais recente do que e novo
Na questão de que um pensamento de Joyce
Refaça o tempo de se estar fora da proposta do mundo.

Este mundo, qual deste mundo são eles, os mundos?

Escrever, para um escritor que possui seus tempos
Não é script de ação, não é roteiro de paráfrases
E não vincula novidades soturnas de vias outras
Quando o que se pensa em um minúsculo gigante país
É a verdade de um sim e um não e talvez outro não…

Manada inconsútil, frentes inquietas de um tempo
Em que não regresse a vida interminável de uma adequação
Que nos ata grilhões de papel machê, que nos digam algo maior
Do que aquilo que se nos espera no voo maior de um albatroz
Que decola com o auxílio do vento, e há tanto menos deles
Multiplicando-se as multidões humanas de imigrantes
Que sabem ao menos que a questão maior e melhor
É saber-se livre dentro de um cárcere de compromissos,
Mas daí vem a libertação de uma palavra que não silencia
Nem os ossos que turgem com o frio do surgimento do inverno.

E Miguel, o Ângelo, em suas vestes pintadas de óxidos feridos
Quanto de terminar Moisés em seu outro Carrara, diz: Parla!

E a mente de um autista se torna um universo,
E os buracos negros se revelam em um cientista com paralisia progressiva…

A vida em liberdade parece simples como, dizia Raul, dar pipoca aos macacos
Em um zoo em que nos encontramos a nós mesmos nos divertindo
Na curiosidade de ver animais expatriados e encarcerados
Mas que na voz de um poeta a formiga é mais veloz do que o alazão!

Posto ver a terra e ver o ar, e ver as infelizes gentes querendo subir
A tronos indecifráveis, a escalas que não se revezem sempre
Quando um líder apenas acredita não acreditar que possa passar o bastão
Na sua empáfia de amarrar humildades de chumbo que se viram em ouro
Bastante em um olhar de um bom alquimista que transforma o sofrimento em liberdade!


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