quarta-feira, 4 de maio de 2022

A POESIA POÉTICA

 

Quem se dê a escrever, escrevinhar o tempo
Que verte no coração aflito um quê de algo
Nas vertentes do leito digital
Que se espera, no mesmo tempo atemporal
Aparecendo qual volubilidade
Sem espaços coerentes
Com o perfil de algo que transcende
A serenidade mesma do proceder
Que a vida não se ressinta
O quinhão da arte que nos redima…

O feroz encanto dos seres que estimamos
Nas vezes em que encontramos certa censura
Revela a predisposição de que esta venha
Com o viés da recordação em que temos
A cada passada do caminhar que encontramos
Nas veredas de um canto escondido por séculos.

A questão de se estar sem se ser não proceda tanto
O querermos ter acima de tudo, o de se ter o tanto
Que tanta é a condição humana
A que muitos nada possuem e por vezes, tragicamente,
Perdem quase tudo do nada e se pegam a dever ao mundo…

Na incontinência dos tempos, a aurora por vezes é turva
Na ocasião em que nos colocamos qual tempero cru
Que não reverta para um o que se pense para outro.

E a poesia continua sendo um espelho d’água como fonte
De todo um hemisfério que se situe em linha, seja ao que for
No lado rico, no lado pobre, e que se conteste apenas
Quais as causas inconsequentes de tamanhas diferenças.

Posto que a poesia procede na realidade pungente
De uma voz que se escute a vida de cada qual em si
No que verte a equação suprema e primeira de existir!



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