Fatos de um outono quase inverno se nos aguardam
nos dias ilusórios de nossos consentimentos, talvez uma medalha de
um verniz escovado nos espere no final da raia, mesmo que o pódio
não seja largo o suficiente para cinco e quem sabe o quarto e o
quinto consigam receber lauréis atrasados, porém cunhados com
chumbo, ao que a alquimia pudesse ou quisesse recriar a substância
anímica do ouro, em seus aspectos de vitória falsa… Fatos que nos
relembrem os dias de doenças terminais, de uma África solapada pela
miséria, de um negro ocupando um lugar em meio a selváticos e
ignorantes brancos, em sua completude de corpos fabricados. O receio
não seja ocupar a mente total e irreparavelmente, posto em uma
tentativa de xeque os peões mais inteligentes cobiçam as suas
posições com cautela, e geralmente conseguem obter o mate no final
do tabuleiro, com aquela rainha que do nada se pronuncia e resguarda
a investida do nada, pois estamos apenas jogando. O que se joga no
mundo? O que se joga no muro? Tentativas, talvez, não mais do que
pressuposições de um atavismo em que não nos apercebemos que no
império da ignorância a técnica geralmente prevalece sobre as
leis. Não há contenda e nem adversários à altura do que se espere
seja a redenção dos inocentes, posto a culpa existir sempre de
algum modo, nos dias de truculência da atualidade, onde os monstros
já aparecem sem as máscaras que de um jeito ou outro, outros
desfizeram na base do descaso e da imprudência, quando efetivamente
necessárias em uso e condição própria para tal.
Essa falta de
discernimento ao menos alimenta pensamentos recorrentemente lúcidos,
independentes de quaisquer referências históricas, posto sejam eles
apenas para elucidar o aparentemente caos em que se governa o planeta
como um todo, em seus focos pontuais… Uma das leis que podem ajudar
a saber sobre o que ocorre na realidade é ver que a plataforma das
coisas que são gerenciadas por observadores sabe melhor do que há
por trás da efetividade harmônica do que se espera seja o berço de
um processo de civilização. Essa quase compulsória veia
integradora se torna moeda corrente naqueles meios onde o furor que
deseja hedonisticamente o planeta se vê transformador através da
exploração quase tântrica da sexualidade humana, tornando o prazer
algo como predação, ou ilusória manifestação dos sintomas de
normalidade aceites pela sociedade, apenas comparado ao deleite
histriônico que os mais velhos e ditos sábios da sociedade requer
que seja o jogo do ou ao poder, e similares. O poder pelo poder
torna-se a semântica aceita, quase como a maior referência
histórica, enviesando no viés do que um processo efetivador de
transformação da sociedade perde lugar para os histriônicos
players da hegemonia planetária, derivando a libertação
para períodos eletivos, na construção sistêmica de uma rodada de
negociações sinistras a cada pleito, coadjuvando com forças tão
poderosas quanto sem efetividade, na mesma lógica de romper o bambu
para depois esperar que nasça, e não deixar que o vento apenas o
mova naturalmente, em um movimento de resiliência onde nada do que
se tem de real venha a fenecer, o que remonta na consolidação de um
Estado progressivo e permanente, sem depender da ilusória concordata
em que se transformou a democracia nos tempos contemporâneos em
países vários de nosso mundo. Em outras palavras, evitar o
enriquecimento dos extratos sociais através de velhas receitas de
exploração, onde a catástrofe natural e humana seja a razão
primeira da melhoria social com a dívida impagável nos estragos que
exercemos sobre as reservas naturais e intocáveis de nossos países,
a começar – como sempre – no que ainda resta nas Américas,
África e Ásia.
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