quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

OS DIÁLOGOS E A VIDA EM SI

 

Contam-se no quadrado quatro vértices,
Em um tanto de esquinas que paramos ao falar
Com outros, haja vista por vezes ser pequena a área.

Atuamos em nossos quartos ausentes de espelhos
Mas que, na verdade, sabemos desta ao ruminar pensamentos…

Quartos em segredo, ou porventura ocultos do vulgo
Que pensaria que estranha forma contínua possui o corredor!

A vida nos surpreende quando a estiva é longa, e o alimentar
De palavras remete àquela do qual por vezes descrevemos
Uma frase que possua endereço quase fixo em sua tábua
Onde guardamos os signos com uma formalidade presente.

Segue a poesia com indiferente preocupação, posto
O seu frear não dá continuidade de cabresto
E o foco da comunicação por vezes dá de falar ao mundo!

Que estrile nas ruas o verbo banal
E que o salpico das paredes úmidas se banhem
Em uma água posterior de palavras vãs
Quando não se tem uma proficiência cabal.

A vida de cada qual encerra a promessa da frase
Onde, no que se dê quaisquer respostas,
Haverá sempre um olhar sobre invectivas tais.

Não necessariamente seja a poesia hermética, fechada,
Posto que apenas tece um viés de comunicação
De modo a ser uma ponte para um todo
Que remonta seu meio de ser a ligação concreta.

No jogo da existência por vezes duro e reservado
O painel de nossos atos verte um diálogo aberto
Mesmo quando nos encurralam com ofensas
Que partem de palavras encurtadas por tabelas.

Por tantos e tantos veios dialogados na História
Que nos perpassa tanto a correnteza de tristes fatos
Quando pensamos que tudo o que havia era esperar
Algo que viesse a construir um mundo melhor, ao menos.

Em que por vezes a linguagem dos ignaros criam mitos
Com alicerces tíbios na farsa, pois esta desaba cedo ou tarde
E a consequência que fica é um vácuo na progressão
Histórica que remende ao menos a maré dos vaticinadores.

Na brasilidade em que nos encontramos, seria muito dizer
Que a realidade dos fatos encapsula o bom procedimento
Nos costados de uma razão ausente da imparcialidade
Em que não nos acometa novamente a crua injustiça.

Isso dos diálogos inacabados, das vertentes que fecham
Quaisquer possibilidades do encontro com a Verdade
Em que reis e rainhas se digladiam pelo poder
Mal sabendo que do Absolutismo herdamos apenas o véu…

Manto sagrado do dialogar, se monte em uma pradaria verde
Com as louças de um piquenique que saiba melhor o amor
Como um facho de luz nas falas, e que o entendimento
Possa finalmente cruzar as fronteiras em se reconhecer algo.

Não temamos o que não é ameaça, não queiramos o que não há
E que a cada palavra proferida ao tanto se dê uma compreensão
Que seja da razão sem silogismos falsos, ou proselitismos gastos
De tanto serem usados pelos uniformes da falsidade.

Tudo bem, falemos da esperança, com todos os seus vieses
E jamais nos esqueçamos que para irradiá-la nas vestes do acaso
Nada do que a gloriosa ternura seja mais necessária do que o ato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário