Cresce em todo o planeta a vastidão de seus
eventos, em que a Natureza – antes coadjuvante – passa a ser
atriz principal… Na medida em que dela nos apropriamos mais e mais,
na medida em que a fragilizamos em todos os seus lados, a reação
que dela emerge pode e deve ser motivo de real preocupação. É como
dissuadir-nos que o desenvolvimento humano fica à parte, que a
riqueza de valores, que mais e mais carne seja consumida no planeta,
que grandes monoculturas que crescem à razão da devastação de
grandes áreas sejam fundamentais para salvar bolsões de miséria,
passamos a coexistir com o fato de que algo se passa de forma
equivocada, com a receita anacrônica de antigos alfarrábios e
ferramentas de ideários que não correspondem à extrema necessidade
em que os humanos possam frear esses processos exploratórios. São
poucas as palavras sobre, e tentar estimular a violência em certos
sítios do mundo com a busca pelo poder ou sua manutenção prescreve
em pouco tempo, ou se torna o câncer terminal, porém eterno… Esse
mal é de tal modo pertinente a uma crítica preexistente que o botão
de start rumo ao conserto fatalmente deve estar posicionado ao de uma
conflagração qualquer, como a atômica, em busca do primeiro
fundamentalista que inicie o fim, regido pela volta de um Cristo que
já está, em muitos homens e mulheres!
Presencialmente estamos
conectados até mesmo com o invisível, visto a olho nu à classe dos
sábios, que paradoxalmente são ignorados pelos folhetins de
cartola. Não se diga jamais que o mundo não é tão frágil, posto
sua esfericidade revela às dificuldades encontradas apenas uma
pequena superfície frente do que seja a sua vastidão e, no entanto,
a nossa espécie e tudo o mais que conhecemos como seres vivos
residem nessa película, nessa atmosfera. Acabou-se para a ecologia a
escolha dos lados, o ideário, os ideais de se comer de modo coeso,
pois não há partilhas de mesa, os pobres andam à busca de restos
e, como um fruto podre que resulta de sistemas incompatíveis com a
preservação, continuarão miseráveis, mesmo que os próceres
continuem a trabalhar incansavelmente para tentar demover essa pecha,
esse rótulo: os displays do moto continuum da desesperança e
das desavenças armadas com a faca cega da hipocrisia. A não ser que
quebremos certos paradigmas arraigados no extremo da servidão, da
escravocracia e da hiperbólica mácula do Poder, jamais poderemos
agir com uma pureza de caráter.
A sede de se ter uma
performance sexual traduz preocupações primevas da nossa natureza
humana, no ósculo indecente de minutos de gozo, em todos os seus
modais de perversão e fetiches. Acabando por poucos gerarem prole
com amor sincero, no que verse que imensas quantidades de substâncias
anestésicas com relação à realidade grassam no que não é
permitido ou, no máximo, no álcool ingerido de forma doentia, o que
nos torna mais e mais frágeis perante o sistema. O mundo é vasto e
de sistemas humanos não há como nos isolarmos dos sistemas
ambientais, pois a realidade há de ser, conforme texto de Fritjof
Capra, em seu “O Ponto de Mutação”, holística. Ou seja:
cardume aniquilado de um lado, cardume maior aniquilado do outro…
Peixes grandes comem os pequenos e viveiros maravilhosos como os
corais tendem a ser engolidos pelos tsunamis ou, o que é pior, por
testes atômicos. Parece-nos que o messianismo às avessas transfere
a responsabilidade do retorno de um Cristo que vem para nos salvar,
mas para provar que é Ele os cânones exigem que ande sobre um lago,
ou arregimente pescadores que, em várias áreas do litoral já não
estão presentes. Resta saber se o pastor, ou a plêiade de pastores
de todas as igrejas do planeta já não configuram a desejada
salvação, principalmente orçamentária de grande família que
somos. A tudo se deva o respeito, incluso a liberdade religiosa, seja
semita, maometana, cristã, hinduísta, kardecista, de matrizes
africanas e tantos e tantos credos. Se há paz entre religiões, se
respeitamos os indígenas como os únicos humanos que coletivamente
fazem a Natureza subsistir sem agressões, ou seja, harmoniosamente
com o bem da coleta e pesca não predatória com seus dias contados
pelo sol, com suas noites contadas pela lua. Como irmãos, caros, o
remédio ainda não encontrado pelo xamã que já o conhece, o
cacique que voga como autoridade, o pajé que ritualiza as ofertas…
E vemos o fogo que a tudo destrói, vemos a noite não silenciar a
cachaça, vemos uma nação perder sua soberania, e o fogo que emana
de uma arma noite a dentro, em várias noites, em múltiplas áreas,
em um incandescente buscar por territórios, que quem ama fica
desatento em sua cama enquanto entram pelas portas nas comunidades
infladas pela miserabilidade. Imensas máfias se sucedendo, enquanto
o gigantesco planeta é subtraído e espezinhado.
Esperava-se
uma reação à altura, e chega até nós um vírus que veio do
morcego, esse rato voador, que abrigou como em seu corpo as
dificuldades que enfrentamos com os milhões de mortos, em pleno e
certo milênio, de onde devemos esperar que saibamos agir, com todos
os chefes de qualquer coisa que o valha, que têm a faculdade de
combatê-lo. Sinteticamente saibamos que a performance mundial
oscila, e que as comunidades de favelas, por serem mais vulneráveis
sabem melhor do sofrimento pelo qual passamos. O mundo está vendo
que o que ocorre de descontrole faz parte de insanidades de ordem
espiritual. Se fizermos crer que a mesma espiritualidade tem tudo a
ver com a preservação da Natureza, estaremos dando o primeiro passo
para a compreensão do mundo e sua posterior ação individual e
coletiva para sanear os problemas que demandam urgência para a sua
solução.
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