Estivemos em todo o tempo, quiçá nos
remontando a História, com a pecha de vários assuntos discorrendo
sobre, como rótulos, em linguagens as mais variadas, que por vezes
não nos encontramos em um lócus cabal e transigente… O dinamismo
da linguagem, nisto de beirarmos o absurdo, torna mesmo o mais
intérprete, o mais cabal, peça de uma máquina que não discerne
bem o universo das letras, mesmo na cátedra mais severa e influente
em termos intelectivos. O que surge como artigo, mesmo pertencendo a
uma gramática implícita na semiótica vai além, como cita a mesma
disciplina, da lógica tal qual a conhecemos, e a comunicação se
faz com uma simplicidade e imprevisível semântica. A questão do
discurso como bem a entendemos remete a uma antecipação do espaço
significante, mesmo que por vezes o objeto direto nos guie a locais
do período em que altercam-se pequenos veios de concordância. Isso
de se falar na instância de um objeto nos sistemas, quase
parafraseando algo que vá além da consecução de um pensamento
linear, como a prescrição de Baudrillard. Que se encontre as reais
motivações em que um escritor pode – e deve – não se ausentar
de suas temáticas, de seus conteúdos, quando explicar a maneira
correta dos interstícios da escrita. Na modalidade da linguagem
acontece muito de explanarmos uma simples e breve opinião e esta é
submetida a interpretações onde verdadeiros medalhões da ciência
da linguística desmembram-na para emitir seus pareceres e informar
setores de inteligência que muitas vezes são alicerçados por
agências internacionais. É um toma lá da cá, conforme o andamento
político dos países onde a democracia é ameaçada durante todo o
tempo.
A vertente da linguagem pode ser objeto de comércio,
visto aprenderem as gentes todo o tempo que vivemos em um sistema
onde a informação com relação a algo ou alguém pode valer ouro.
Em um exemplo explícito, quando algum geólogo sabe de jazidas ou
algo similar, pode valer-se dessa informação para entregá-la a um
capital que permita comprar a preço baixo as propriedades e explorar
ditos minérios… Como igualmente na política, e aí sim as
possibilidades são inumeráveis, posto os objetos passíveis de
manipulação são homens e mulheres, onde para cada qual o poder
pode ser progressivo ou regressivo, em termos de linguagem e
comunicação. Destarte, no caso da poética, esta reside em um lugar
onde não há interpretações maiores, no que não seja tão crível
que possa haver metaforicamente vários sentidos em cada verso, e
onde o contexto da sub ou sobre sequência não há um parentesco e
nem genética similar, na sua verve e proposição, já que aí
entramos no território da arte: inexpugnável, visceral, autêntico.
Leonardo da Vinci afirmava ser a pintura superior à poesia posto de
um hermetismo mais sutil, mas Dante e Cervantes provam não ser essa
assertiva tão pertinente. Não precisamos de material para sermos
poetas, basta uma lasca de tijolo e uma parede e, se for da falta,
basta a oralidade, interna ou externa, expressa ou pensada…
Não
nos baste jamais crer que a inteligência artificial vá prosseguir
rumo a uma expressão literária própria, automática, pois pensar
criativamente depende de uma atividade cerebral e não um mero
processamento com referência em dados, o que se prevê que sempre a
máquina participa de algoritmos técnicos, no que se infira ser
impossível repetir a fantástica atividade dos neurônios nas
manifestações da arte. Desde que a linguagem tem caminhado através
dos tempos, a sedimentação de seus complexos processos e
idiossincrasias remontam a uma larga e maravilhosa experiência da
expressão humana! Nada há de tolher a liberdade de expressão desde
que esta não discorra ou incite à violência, e preferencialmente
se alicerce na verdade factual… É lógico supor que, dentro de uma
sociedade civilizada, aquelas notícias forjadas com o sentido de
manipular os fatos e induzir o povo a tomar atitudes de acordo com
fakes devem ser reprimidas com veemência, pois o jornalismo
em sua essência é levar a verdade para o seu público, e não
falseá-la com intenções sinistras e suspeitas. Quando há uma
ameaça ao livre pensamento não significa a permissão de montar
farsas com cunho eleitoreiro e esconder ou ir contra os avanços da
ciência, estes que são progressivamente os meios que temos para
erigir a saudável discussão de uma linguagem e processo acadêmico
saudável e recorrentemente correto para a existência humana como um
todo. Como dizia um grande artista das letras: “livre pensar é só
pensar”.
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