quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

EM NÃO FALAR ALGO POR VEZES FALTA CHÃO


            Seguimos sendo aqueles seres que somos expressivos por Natureza, seguimos dizendo coisas que nos afetam, ou aquelas coisas que invadem universos alheios, nas dianteiras do tempo, algo que se nos pretendemos ao menos ser, sem as jaças do diamante bruto que sejamos, antes de nos lapidarmos, ou darmos a chance para tal. Os subterfúgios de muitos neste mundo não sejam aqueles que tememos encontrar em nossas veredas, tais como estímulos externos ou algo similar. No entanto, para prosseguirmos em certas falas, devemos nos fiar em algo de monta, como uma música de raiz por vezes, uma boa guitarra, a energia de uma música peremptória, se estamos como que tomados por uma letargia, um estar por inércia, um pensamento claudicante, pois escrevermos algo sobremodo pode ser “dizer algo a alguém”, no mais das vezes.

            Espiritualmente, um ambiente montado para termos uma predisposição anímica, corresponde a que nos animemos com esses chamados estímulos, que mais não são do que um fator que corresponda ao “clima” criado para que tenhamos essa citada predisposição, principalmente se estamos abandonando o tabagismo, substrato inequívoco de certos manifestares antes profundamente vinculados a rituais espiritualistas relativos e reativos para a saúde, no contraponto de optarmos por uma vida mais longa, criando vínculos com outras práticas igualmente espiritualizadas, mas em outro cerne, outro teor. Tomar um bom café, fazer uma meditação matinal, conversar com uma companheira, tudo é especialmente notável para tanto, e podemos dizer coisas com mais clareza, pois o tabaco só polui nossos pensamentos na estimulação da nicotina, assim como todas as “inas” inferem esse estranho poder quase dopaminérgico sobre nós... O não ser, o tipo de Nirvana espiritual pode estar vinculado com insights espirituais que encontramos nas coisas da Natureza, no voo de um pássaro ou na borboleta, ou na manifestação de um micro inseto, ou mesmo no palpitar sereno de nosso coração, como abordagem de dizermos a nós mesmos que estaremos nos tornando independentes da influência externa como um todo, ou mesmo cercados de livros, mesmo na foto de um autor que nos sorri na estampa, e consideramos esse intelectual um avatar de luzes provisórias… 

            A efígie de um buda indiano de gesso pintado com tinta imitando metal, junto com a imagem de São Francisco, igualmente bela, ou um bronze de Ganesha tocando um tambor, isso tudo significa um estímulo que não é estímulo, mas uma visão conjunta, assim como um incenso de Palo Santo, denso, aceso, e seu cheiro, tudo nos leva a crer que funcionamos sonhando acordados por vezes, e o que antes seria escrito como algo quase delirante por descrever a fé na vida de tal forma que nos sintamos mais e mais vivos, pode se tornar um diário lúcido de como um homem encontra na sua forma de expressão a fala mais abrangente de dizer algo a alguém. O “Mergulho na Paz”, de Hermógenes, “A Arte de Amar”, de Erich Fromm, “A Visão Tântrica”, de Osho, “Ulisses”, de James Joyce, os livros dispostos em pilha sobre a mesa referenciam um saber sobre algo de múltiplas qualidades, e Hobsbawn só dá para ver seu nome, que quem vos escreve sequer vê o título… São investimentos que fazemos, e cada qual encontra prazer em algo, e quem vos escreve encontra prazer em escrever, pois essa se tornou a minha modalidade existencial.

            E estaremos cônscios quando tornarmos a dizer algo a alguém de modo a salientar que as qualidades de um ser humano sejam falar algo, pois é necessária a comunicação, seja verbal ou não, e os seres que nos cercam igualmente dizem muito de se dizer, se tal não fosse a extraordinária capacidade da Natureza se pronunciar diante de nós mesmos com todas as qualidades inerentes ao que não dista do feed back que encontraremos no sentir humano dentro da esfera deste mundinho de Deus… Sempre será assim...

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