sábado, 12 de abril de 2025
Alguns anos atrás, feministas eslovenas promoveram um grande protesto contra um cartaz de propaganda de filtro solar divulgado por um grande fabricante de cosméticos que mostrava vários traseiros femininos bronzeados em biquínis justos e acompanhados pelo slogan: “Para cada uma, o seu próprio fator.” O anúncio era baseado, é claro, num duplo sentido de mau gosto: o slogan referia-se ostensivamente ao f iltro solar, que era oferecido com diferentes fatores de proteção solar, de modo a convir a diferentes tipos de pele; todo o seu efeito, contudo, estava baseado numa óbvia leitura macho-chauvinista: “Toda mulher pode ser possuída, contanto que o homem conheça o seu fator, seu catalisador específico, o que mexe com ela!” O ponto de vista freudiano é que todo sujeito, mulher ou homem, possui tal “fator”, que regula seu desejo: “uma mulher, vista por trás, de quatro” era o “fator” para o Homem dos Lobos, o mais famoso paciente de Freud; uma mulher escultural sem pelos pubianos era o fator para John Ruskin. Não há nada de enaltecedor em nosso conhecimento desse fator: ele é estranho, até horripilante, já que de algum modo empobrece o sujeito, reduzindo-o ao nível de um fantoche além da dignidade e da liberdade. COMO LER LACAN.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário