segunda-feira, 19 de agosto de 2024

PAUSA (Cecília Meireles)

Agora é como depois de um enterro.
Deixa-me neste leito, do tamanho do meu corpo,
junto à parede lisa, de onde brota um sono vazio.

A noite desmancha o pobre jogo das variedades.
Pousa a linha do horizonte entre as minhas pestanas,
e mergulha silêncio na última veia da esperança.

Deixa tocar esse grilo invisível
- mercúrio tremendo na palma da sombra -
deixa-o tocar a sua música, suficiente
para cortar todo arabesco da memória...

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