quinta-feira, 25 de julho de 2024

UM ABSOLUTO OU OUTRAS QUESTÕES


       A Fenomenologia de Hegel revela a dialética do encontro do conhecimento do ser frente ao outro, ao objeto, na relação da história quase negada por Kant em sua revolução da filosofia depois da Revolução Francesa, mesmo que a dialética histórica seria algo quase não linear, posto evento quiçá do ser para o ser, que não fora que se bastasse, como um apanhado cultural da característica que emana em cada grupo, sociedade, tribo, etc, mas no contexto de evidenciar um absoluto de conhecimento na esfera do pensamento do Ocidente. Em uma abordagem já não mais tipicamente cartesiana, o conhecimento do ser “para si” revela a influência na obra de Freud e Lacan, como de Marx e sua interpretação da história na elaboração teórica de seu pensamento. O “não falhar” da razão permanece em aberto e trilha e abre espaço para o domínio da lógica no construto da “Essência do Ser” e sua doutrina como estudo da lógica em si e seus paradigmas, tão afeitos na sociedade que emerge, como suas rotinas de programação dezenas de anos depois, onde a economia, o planejamento, os projetos, passam pelo viés do rotor da história, depois de um teste inequívoco da experiência humana sobre a Terra.

       Tudo o que transcenderia para mais além, assim como um evento espiritual, quiçá fosse fadado a ser separado em um neocartesianismo onde se aufere valor na mecânica dos objetos, posto a razão da elaboração de linguagens de programação já encontrariam na modalidade OOP – programação voltada para objetos – o cerne máximo de se instanciar comportamentos e idiossincrasias praticamente humanos, naqueles eventos que a psicologia behaviorista tão bem exemplifica, desde as experiências mais rudimentares e ortodoxas de Pavlov. Um constructo filosófico que abrace a questão mínima de entendimento de sublimação material para um universo onírico, mais espiritualizado se torna mímese de fantasia, e processo imaginativo de tomada de “níveis de consciência”, ou critérios de perlaboração, e não mais a possibilidade concreta de realizar o feito notável que seria compreender com outro olhar a dimensão quase primitiva e simples dos movimentos da Natureza, seus seres e ensinamentos… Posto que às vezes em uma repartição, em um bureaux de serviços, a coisa fica um pouco automatizada, com regras estanques, e o diálogo que se tem humano e plausível se dá com o intermédio do sistema computacional, fechando o leque de abertura mais solidário, onde isso se processa apenas em grupos que servem para se falar sobre algo mais de Natureza humana, mais não propriamente afeito a que não estejamos consumindo algo, ou mesmo sendo servidos por algum funcionário em um atendimento, o que confere a uma sociedade de serviços os mais vários uma certa frieza com o trato humano, com o carinho e a ternura sincera, já de ontem produção irrisória e não equivalente com os fatos. O absoluto torna-se imediatamente tangível, e a máquina infere sobremodo a sua experiência da experiência que fazemos com ela, tornando-nos os autômatos do amanhã, devidamente programados neurologicamente, e sinteticamente duros com os afetos que sói aparecerem no inconsciente como recalques na vida daqueles que ainda contestam, porquanto humanos, esse tipo de equação fria perante o “caos organizado”.

       Mesmo que não haja maior abertura, mesmo que certo serviço exista para firmar o caráter de estereótipo, mesmo que qualquer margem de afeto seja abortada pela exortação ao cálculo dos behavioristas, e mesmo que certos interesses comerciais e de Poder infiram coisas como intervenção ou prisão compulsória por pensamentos ou palavras expressos, ao menos na intenção, a coisa nunca será tão simples, pois um grão de areia possui a distinção de todos os demais, e jamais um será igual a outro na sua geometria, se contarmos todos em todas as praias do mundo, em cada oceano e cada digital impressa por Deus.

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