quinta-feira, 18 de julho de 2024

SIMPLÓRIO E CONTRADITÓRIO


       A razão que circunscreve o bruto daquele que supõe ser manso e humilde dentro da esfera do seu lócus, por vezes discrimina o bruto por não estar em um lugar mais humilde e manso, e demanda que o manso seja mais cruel por estar inferindo a brutalidade de dentro de sua esfera confortável, onde seu hedonismo e caráter o coloca na posição existencial contraditória, posto adequada enquanto sua razão social, sociedade anônima, ou qualquer nome que infira seu empreendimento que lhe imprime, no viés mercadológico, a mesma liberdade.

       Por vezes um homem é mais feliz com seu distrito, e sabe que tem a liberdade sua, e que o valor que emprega em seu dinheiro é mais salutar porquanto útil, não minando a família e nem se deixando dominar por circunstâncias estéreis, pois seu pensamento e suas asas da criação ilimitada com a pontuação lógica de sua filosofia de vida, lhe conferem igualmente pensar sobre assuntos os mais variados, como a religião, o acesso à rua, o destemor, a consecução dos objetivos, e ainda a valoração da maior liberdade porquanto menor o ir e vir, por sua iniciativa pessoal, pois o que sabe da percepção do espaço é o mesmo que delimita infinitamente o escopo da Natureza, e não o poder de barganha financeiro como válvula de escape, já que por vezes o simples caminhar sobre uma calçada onde a Prefeitura não foca a atenção na manutenção pura e simples, se torna uma espécie de trilha onde o homem sabe que as pedras desmontadas de São Tomé ele as encontrará por baixo da superfície do mar em outras em seu estado bruto e sem cortes, e as criaturas que se imagina encontrar no mar, por vezes são as ridículas criaturas que encontra pelas calçadas, vestidas a caráter com seus uniformes forjados, e cheias de uma certeza infantil de que pertencem a uma ordem ou Governo que pretende mudar a superfície da vida, na sua pretensão quase animalesca, que brota dos descaminhos do id mais complexo.

       Há de um pertencimento quando o homem vê à sua volta os carros que passam com seus motoristas, correndo vários em profusão, e seu parecer do dia que passou é como a caminhada que deu ao redor de muitos seres que vê em seu entorno, como passantes do tempo que demandam atenção, ou como antigos habitantes que Cervantes tão bem faz notar que devamos conhecer nas aldeias... Igualmente, a coisa funciona como se os guetos fossem reais, e o que antes era os EUA da libertação do escravagismo, torna-se um gueto no Harlem, ou a criminalidade no Bronx. Do mesmo modo, o que antes seria a promessa de um amor maior, se torna apenas o viés do desaparecimento de um tipo de “objeto afetivo” e o ensaio posterior de quem possui uma empresa e crê piamente que possui algum poder, pois lida ainda de forma aprendiz com coisas tão complexas como o mercado supracitado, e sua ingerência de controle, onde a fantasia de gente que lê a respeito de épocas que efetivamente não se repetem mais, vivenciam realidades como os anos trinta, e toda a programação que lhes imputa o caráter leviano de uma ignorância institucionalizada.

       A contradição acontece para gerir ou alimentar uma engrenagem onde a ilusão de pertencer a uma época histórica sói relembrar o que certas agências tocam na mente dos outros e de seu próprio funcionamento, como os filmes, as séries, e uma gama de grilhões invisíveis e subliminares, que a própria consciência de certos grupamentos humanos passam a ignorar quando agem através de ideias e percepções a respeito da realidade, que jamais serão dignos de retratar o que ocorre genuinamente no escopo do atual sistema – nada mais do que uma miríade de outros – em que compartimos uma mentira concreta, e ainda combatemos fake news que nada mais são do que o histrionismo em se compactuar com a mentira deslavada e risível, por ser facilmente identificada, fruto de outro tipo de ignorância: a monolítica, a granítica.

       A simplicidade de sabermos que na verdade a mesma verdade passa a ser variada, pois há várias versões históricas, nos faz crer que apenas a Dialética da Natureza nos fará ver que de fato há algo mais concreto, mas no entanto mais subjetivo aos olhos dos materialistas grosseiros, pois a percepção de quem possui a certeza de algo que só reside dentro de códigos e programações antecipatórias de um fracasso existencial corrente na humanidade, nos faz ver que quem abre sua percepção para os diálogos mutáveis da Natureza e sua realidade mais anímica e espiritual saberá de uma realidade que abrirá os espaços de nossa própria Natureza e ajudará a que trilhemos um caminho mais renovador e circunscrito, mesmo sem muita área de abrangência, a possibilidades concretas, de lançar um testemunho fiel da existência humana no panorama de nosso Universo, ou, mais pontualmente, de uma simples rua.

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