segunda-feira, 4 de setembro de 2023

TULIPAS NEGRAS


Negra veste, o vestido das cores, que assombra signos
E tempera culinárias do vento, emerge, qual a sombra de tempos
Em que Castro Alves contava no seu navio negreiro
As doudas espirais da história, e o destino do que não se explica...

Tulipas que ressurgem na primavera, o ébano como cor que fica
E dita, e não fere, porquanto sendo a ferida, por vezes
Remonta, e infere, qual dito por ser dito, de um Benedito santo!

Corvos por vezes, com seus bicos lancinantes, fazem parte de uma Natureza
Assim como belos pássaros feridos, não possuem a lavra de seu sofrimento
Posta no esquecimento amargo de não sentir-se alheios da posse
Quando por vezes outros pássaros, feridos, fazem da ferida a recomposição do caráter
Buscando a cura na leniência de um ato, no pressuposto do esforço positivo
No brotar por vezes de uma observação distinta do que não seria a frincha
Onde imprevisivelmente e quase sem espaço a nossa primavera distingue o nascituro
De uma tulipa da cor bronzínea do querer-se não por plataformas claudicantes
Mas quando avista finalmente o céu onde por ventura o pássaro branco pousa na rocha...

E por dizer, seria algo que não fora simples, qual um vocabulário cru de palavra única
Na inferência de uma mulher que seja ela a outra uma do nada, quando fala da outra
Que não era a mesma, na inflexão mesma de outra posse, mas esquece que a verdade
É apenas o crescimento das tulipas negras, ocultas sob seus mantos verazes e fiéis a si mesmas
Nas auroras noturnas, onde dançam sobre a lua no alvorecer de outros dias em trabalho
Onde um tronco maduro não espera, apenas anuncia que sobre ele existem outros caules
E que as amarras dos cipós venham para enriquecer outras aldeias
Por encima de pedras Ápias, onde o desfile quase compulsório dos sem armas
Deflagram a necessidade da hierarquia, e as tulipas saem noturnamente
Sob os escopos da alegria, e a primavera vê brotarem outras flores, mais aparentes
Do grená ao amarelo, da tulipa quiçá de outra cor, qual não seja, a veemência apenas
De relembrarmos que nem tudo é motivo a se ignorar que a primavera não seja apenas um grau de parentesco tardio
Onde possa se acometer a tristeza da ausência, mas o ósculo de Baco surpreende a quem é rico
Quando em sua solidão haverá de perceber que as tulipas negras passam a brotar mais e mais
Rescendendo ao amor na contra solidão de suas cores, posto nem todas são totais em carinho
Mas jamais fenecerão frente às flores impermanentes de plástico, que sói arranjarem seus carinhos
No anátema do condom para que seus adultérios não sejam tão classificados quanto o mero gozo carnal!

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