quarta-feira, 5 de abril de 2023

VERTIGEM LUNAR


Se me retorne um tímpano secreto,
Ainda assim não sei se escutaria um outro verbo
Qual não fosse, um cérebro mais novo, um novo órgão
Talvez fosse consonante com uma linha de montagem a mais...

Um indiscreto proceder, uma vertigem se me acomete na noite
E a lua não a vejo prosseguindo caminhante no céu
Posto quem dera fosse mais cheia do que está
Na sua sede de ser clara em noites que turvam os olhares...

Se os dedos inexistentes me tocam, se a penumbra dos ventos urge
O rugido de uma fera oculta no mim mesmo de outra ocasião
Veste-me a sombra de um antepassado inquieto
Onde quiçá a crença permitisse ao menos o encontro fortuito!

As vozes que não escuto, as conversas ao pé de um farol,
Posto luz em sua solidão de chumbo, amarela ao pé da rua,
Verte na profundeza das pedras dos passantes
Os votos mais sinceros da similitude algo noturna!

Prossegue a noite em mim em meus dedos flamulares,
Que esqueço sobre o regaço de uma máquina, qual mulher lânguida
Depois de refeita de um ato consorte, alimentando-se serena
Do sorriso franco de um homem em que estivessem ambos em mansarda.

Uma atitude de poesia romântica quem dera fora sempre um verticilo
Das flores que esquecemos em jardins conturbados pelos tempos
Mas que empreendem seus esforços em estarem com a rega em dia
Mesmo que não tenha o dono preparado certo o adubar...

O corpo se me nubla, mas o espírito me invade, confessor,
Da paródia mais constante de meu renitente sonhar
Conforme a anuência de mais uma caminhada sonante
No perscrutar-se o principiar dos signos dos ventos!


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