domingo, 3 de abril de 2022

PERSCRUTANDO SONS

 

Na turba da tarde, os faróis de um carro na chuva
Falam tanto da noite passada que um sinal plúmbeo
Haja, que sinaliza tanto que um paralelepípedo-boneco
Se movimenta em sua letargia de quase pedra…

Posto que se não há uma prova maestra
Que tanto sejam os sons na poeira das ruas.

As ruas virando poeira, os homens a inalar
O inalatório de todos os dias, a que venham por reclames!

O falsário lava suas notas falsas na primeira loja
Que encontra no templo que não existe
Ou que, não se falhando memórias, vejamos,
Haja igualmente faltas no segredo das pistas…

Pois estas revelam não revelando, passando
Quiçá por um corregedor sincero
Quando veste a lã que não existe
No tapete encontrado em um magazine triste!

No de se alfombra que seja, um tapete
De um grená azulado que lembra azinhavres
Na ponta de uma pequena foice de arranhar olhos
Com sua ponta de falta de corte, a que não seja,
Apenas a imagem que jamais houvesse intérpretes…

No ruminar dos tempos vemos casas e sacadas
E seus sons no ritmo de fachadas nuas
E um saber-se mais do que discreto
De postarmos um silencioso não
No colo de uma cigarra eletrônica de verão.

Não há a possibilidade mais remota da neurose
Virar neuro, de um neurônio que esta origina
Se ressinta de não encontrar um dendrito
Quando o axônio sequer remonte o som
Que se ergue patibular no um do zero.

Que o um se encaixa no zero, gritando o espaço,
Que o zero escapa e se conjuga com mais um zero
E depois que venha o um, pois esta é basicamente
A ferramenta que a máquina entende por conseguinte
E que nos refresca em seus sons de retalhos azuis!

E o céu dá lugar ao grasnar dos pássaros, ao crocitar
De corvos que tem por missão confundir alho
Com o cheiro típico acebolado de um gás de cozinha
Já com o ágio tão pretendido, sem cor e sem som.


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