quinta-feira, 7 de abril de 2022

O FRAGMENTO SENSORIAL

 

          Todos somos abertos para canais perceptivos, como os olhos, os ouvidos, o tato, etc. Cinco são os sentidos na forma humana e, apesar de sermos racionais, não possuímos por vezes o acurado sentido de um outro ser, como o olfato nos gatos e cachorros, ou, em se tratando de força, proporcionalmente, bem entendido, a tração de uma formiga ou a amplitude sônica de uma cigarra. Somos todos criações de Deus, e Este está presente em tudo, até nos átomos. Essa – a onipresença – é um de seus atributos incompreensíveis, dentre bilhões deles, que nossa capacidade de comunicar e compreender torna-se extremamente limitada ao alcance da infinitude do Criador! Alguns pássaros predadores como o falcão alcançam uma velocidade de mergulho de mais de trezentos quilômetros por hora, com suas asas que fazem parte de seu corpo, o próprio mergulho típico de sua Natureza, para comer quando possui fome, sem acumular. Animais como a formiga acumulam por uma questão de fragilização de sua dimensão, o que leva a serem mais coletivizadas e possuírem formigueiros ou tocas onde se reproduzem e comem do alimento, dentro de labirintos que desafiam a arquitetura gigantesca humana, na sua capacitação de erigirem seus espaços de forma célere e avançada, em túneis e espaços na terra conformes com a sua própria lógica, tão antiga quanto o nosso planeta Terra. Similarmente, temos um exemplo de força, que é a capacidade de impulso das patas de um gafanhoto, de um grilo ou quaisquer, aproximados. Quando pertencemos a um diálogo e compreensão perene e cotidiana com os elementos físicos da Natureza, haveremos de perceber que a nossa espécie não é superior às outras em muitos quesitos, o que nos faz refletir sobre a expropriação do lócus vivendi dos seres em geral, e obrigatoriamente passamos compulsoriamente a fazer uma revisão de nossos atos perante a mesma Natureza citada. Os pássaros pequenos, por exemplo, a um custo de um nascituro simples denotam a maravilha da existência, o que nos faz projetar um jato, mas a custo estratosférico. Não existiriam as máquinas de voar se não existisse o pássaro, nossa referência como se estudou o empuxo das asas, ou como funcionam as hélices, com o seu empuxo motor: catando-se o ar na frente e mandando para trás, o que igualmente funciona com outro fluido, outro meio, como na água. Ou em uma pedra, quando imensos tatus de aço furam quais brocas geniais as muralhas, na prospecção ou abertura de túneis. Inegavelmente nosso engenho percebe e realiza muitos objetos, máquinas, displays, em um universo de gadgets quase intraduzível e, no entanto, por vezes até meio confusionista para quem não possua muita ingerência intelectiva para a compreensão correta do uso das ferramentas e outros utensílios.
          A razão nos encaminha para que teçamos as nossas falhas sensoriais, dentro do escopo do conhecimento, do saber como – know how – dentro de uma capacidade produtiva, ou seja, seria inimaginável conceber um mundo sem a ciência, tanto material quanto espiritual. Posto que, nessa última esfera, concebemos forças e o anímico pode também ser mola propulsora em nossas existências. A cada um seja dado o direito de credo a cada qual suposto, incluso o não credo. Não importa nada o que move existencialmente um ser humano, desde que este não incorra em erros crassos na vida em sociedade. Pertencemos a um universo em que fragmentariamente montamos nossos sonhos que resultam de percepções sensoriais diversas e fragmentárias. O Todo é uma razão do hólos, ou seja, sejamos complacentes no sentido de saber que a física newtoniana não é a última palavra, pois os questionamentos pertinentes ao tempo e ao espaço já possuem prerrogativas avançadas. Presume-se que não conheceremos melhor o cérebro se não transcendermos o mero mapeamento dos estímulos e repostas. Somos fragmentados sensorialmente e a escala de interface entre o que sentimos e percebemos da realidade ou da fantasia tão recorrente na nossa era dialoga rapidamente com o cérebro, mas por vezes não se traduz em respostas cabalmente verdadeiras, como ocorre por vezes em um algoritmo implantado. Só se rompe esse fragmentar-se se tivermos referências repetidas com relação ao entorno imediato, seus prós e seus contras. Esse reencontrar-se com o senso de realidade remete-nos ao encontro mesmo com a atitude em que finalmente incrementamos nossos veios perceptivos a uma abordagem mais ampla e mais salutar mentalmente.


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