quinta-feira, 14 de abril de 2022

O CAMINHO DO RETORNO

 

            Quando caminhamos para determinado lugar, porventura temos na algibeira nossa bússola maior, que é o nosso documento, um cartão ou dinheiro, chaves quando moramos algo solitários, e quiçá uma boa sacola com livros que amamos ler nas horas em que descansamos da caminhada para meditar em diversos assuntos. Isso é uma vida de civilidade e, na verdade, encontramos o viés do desencontro quando não nos encontramos a nós mesmos, por vezes… Há que se caminhar observando bem os pedregulhos, os postes e as pistas onde os carros nem sempre são muito cautelosos. Afora isso, não há perigos maiores, visto estar me referindo à luz do dia, pois à noite não tergiversamos muito com o espectro das luzes e dificuldades, como encontrar bêbados no meio do caminho e similares. Não há de sabermos muito se quisermos jogar com a sorte e, destarte, a via que dobra em alguns lugares sempre será interessante, pois nunca encontramos as mesmas pessoas, os mesmos bichos, as mesmas coisas em cada passada que damos, e que por vezes pensamos na anterior, imediatamente antes, ou temporal e relativamente em horas ou dias. Não há porque ensaiar caminhos, pois a cada passo dado vencemos um metro ou mais ou menos, e nada disso importa, pois se estamos de muletas também podemos vencer distâncias… Se estamos acamados a vida se nos brota em outros campos de atuação, de vida e de esperança, quanto de familiares ou no indivíduo que continua amando seus meios e suas formas de viver. A condição sine qua non da nossa experiência com o próximo não deve ser letárgica ou de afetações agressivas, mas da esfera de compreensão com o mesmo próximo, com a igualdade de direitos em ser, em relacionar-se, em interatividade e compartilhamentos. Desse cunho, desse quase inventário do bem portar-se é que nos remetemos ao conselho que administra nossos atos. Quando se fala de uma vida independente a equação se nos revela mais complexa na aparência e, no entanto, se consolida na simplicidade. Outro estar-se comprovadamente mais eficaz na proficiente forma de viver se revela nas atitudes, na sinergia em se atuar mesmo em óbices desafortunados da existência e enfrentá-los com coragem e proficiência. Saber evitar substâncias ou atos que não são bons para nós e nosso entorno mais imediatamente próximo é a questão fundamental para que retiremos de nós mesmos alguns ruídos dissonantes não importantes à harmonia propositada em nosso terreno existencial. Essa veracidade remonta alguns passos, e a cada passo que damos remontamos mais e mais conquistas, posto o tempo ser algo passante e em um segundo o próximo já se anuncia, mas na questão milésima o vetor não claudica se o cronômetro zerar cada proximidade que temos com o próximo movimento. Mais a mais caminhamos… O que antes era passado é e sempre será a história, e qualquer projeção nos relega a incertezas em que mal duvidamos que demos um e mais um passo, pois destes últimos dois saímos do foco em redondilhas ocultas no nosso quase irrefreável pensar! Pois que se possa parar para voltarmos à prática da recordação, justo que relacionemos cada passo a mais uma conquista, a ponto de observarmos uma pequena aranha tecendo ao redor de um arbusto, ou uma formiga lépida e forte que vez a vez, para certos poetas, solidificam o arrimo existencial. Esse é um pilar maravilhoso da vida, e é a partir dele que erigimos infatigavelmente, em cada qual conforme sua questão da experiência particular a necessária compreensão que não somos nós – humanos – os únicos seres do planeta, pois um pilar de gesso não é igual a um de concreto e a substância das vigas fazem parte intrínseca e paralela aos passos adiante, seja cambando o acesso a uma rua, seja perfilarmos uma ponta de orgulho saudável ao observar mais adiante com os olhos diamantinos de nossa consciência…!


Nenhum comentário:

Postar um comentário