sexta-feira, 11 de abril de 2025
Para Freud, assim como para Lacan, essa injunção é profundamente problemática, uma vez que ela ofusca o fato de que, sob o próximo como minha imagem especular, aquele que se parece comigo, por quem posso sentir empatia, sempre se esconde o abismo insondável da Alteridade radical, de alguém sobre quem eu por fim nada sei. Posso realmente confiar nele? Quem é ele? Como posso ter certeza de que suas palavras não são mero fingimento? Em contraste com a atitude típica da Nova Era que, em última análise, reduz meus próximos a minhas imagens especulares, ou aos meios para o fim de minha autorrealização (como é o caso da psicologia jungiana, em que os outros à minha volta acabam como externalizações/projeções de aspectos negados de minha própria personalidade), o judaísmo inaugura uma tradição em que um cerne traumático alheio persiste para sempre em meu próximo − o próximo continua sendo uma presença inerte, impenetrável, enigmática que me histericiza. O núcleo dessa presença, é claro, é o desejo do próximo, um enigma não só para nós, mas também para o próximo. COMO LER LACAN.
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