Se
porventura somos seres que não deixamos transparecer – mesmo em nossos diálogos
conosco mesmos – a verdade mais crua a respeito de tudo o que nos acomete, como
gostaríamos que um psiquiatra saiba o que acontece com a nossa realidade, se
tudo o que falamos está aparentemente bom, ou se ele nos verá em nosso
semblante um pouco mais além das ilusões que nos acometem intrinsecamente? Ou
mesmo através de nossos lapsos, atos falhos, ou seja, saibamos que estaremos
lidando com um profissional que, se na verdade temos que tomar medicamentos, o sofrimento
que isso acarreta é apenas uma reação previsível sobre o que fizemos de errado
por vezes durante um bom tempo de nossa existência, consumindo drogas e afins,
ou mesmo na erupção de uma enfermidade qualquer. Na realidade, se estamos em
condições de nos ocupar em atividades que levam a algum lugar, devemos ter em
conta de que essas atividades partem do princípio de certa independência de
alguns enfermos, e se estes precisarem de apoio, terão centros de reabilitação,
clínicas especializadas, os CAPS e outras unidades de apoio para sua
recuperação.
Em uma metáfora muito utilizada, estar “a pleno vapor” pode inferir a tenacidade e ousadia de se ter uma energia como somatória de muitas coisas, e o simples uso da coca, dos estimulantes, dos energéticos, do excesso de café, do chimarrão, etc, podem colocar as pessoas como integrantes daqueles que estão afeitos a uma “energia suplementar”, que nada mais é caminhar com os pés de lebre, ou estar correndo demais quando na verdade até mesmo o coração, quando mais velhos estivermos, pode se ressentir com esses ritmos artificiais... O enfermo há de ter mais consciência para caminhar com mais certeza sobre o mar de suas dúvidas, e aquilo que porventura era um hábito que acreditava saudável ou ativamente normal, por vezes foi a motivação da eclosão da sua enfermidade, aliado a fatores que muitas vezes sua psique sequer manifestou no seu consciente. Quando se cite algum transtorno de gravidade, as coisas não são fáceis para o paciente, sua vereda por vezes abraça certos sofrimentos psíquicos de monta, mas igualmente para o psiquiatra não deve ser distinto. Afora os aforismas de Lacan, de que as psicoses poderiam ser tratadas através da psicanálise, quem sabe o tempo do trato seja aquém de uma possível estabilização do quadro a curto prazo, o que vem dando mais sucesso através de medicamentos, e da psiquiatria contemporânea: a neurologia, etc, o estudo cerebral e outros recursos da vida atual. A eventualidade de se prosseguir prestando serviços de quaisquer Natureza, sendo útil no escopo de um grupo de recuperação, estar vivenciando o espaço aberto, manifestar o afeto livremente sem amarras maiores, ter um animal de estimação, uma planta, um hobby, uma arte, proceder escrevendo e estudando algo, fazendo um curso de extensão e etc, são fatores que induzem naturalmente o ser enquanto paciente para uma recuperação mais plena, e sua inserção como cidadão sereno e tranquilo, obviamente quando este não mistura os medicamentos com álcool ou estupefacientes, ou exagera em se estimular ou fazer qualquer coisa demais, como manifestação de uma mania que deve ser equilibrada, e sempre prosseguindo com o acompanhamento médico, pois o encontro da medicina com a sociedade sempre é algo a contribuir, e jamais para subtrair do humanismo necessário entre os seres que nela vivem.
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