Qual fôssemos seres humanos isolados de tudo... Teríamos que pensar mais
propriamente e com cautela os próximos passos do pensar, como se o nosso
universo amplo e dialético com o nosso imo profundo, o nosso ser, não pensasse
apenas conosco, com tudo o que dissesse respeito apenas às nossas
idiossincrasias perante àqueles “outros” da mesma espécie, considerando, quase
como um “sempre histórico” que o restante seria apenas motivação para ou
matarmos e comermos a carne, ou usarmos madeira e água, vento e usinas mil,
para que nos sustivéssemos na esteira da manutenção de nossa civilização. No
entanto, e se os seres que porventura alguns não os conhecem a muitos, e outros só
conhecem as formigas porque elas estão meramente presentes, não pudessem saber algo
além do que dita a totalidade de uma Natureza e seus diálogos permanentes, ou
consigo mesma, no que o homem tanto pesquisara desde primórdios, em
culminações darwinistas, sempre tentando buscar a consonância de um
materialismo e suas relações com a riqueza e o universo dos valores, no “sempre
dialético histórico...” Não que não fora pertinente em uma etapa do
conhecimento, mas há uma interpretação maior que carece de mais luzes, e que se
torna um devir que urge tomarmos consciência, em um mundo onde estamos
produzindo descaradamente para o insaciável mercado produtos que nem sempre
acabarão com a fome no mundo, e que porventura reduzem verdadeiras máquinas de
abate a uma cruenta forma de infundir a quebra da espiritualidade e o advento
das guerras, pois a compaixão entre todos os seres que habitam o planeta,
capitaneada pelo agente humano, que é quem dá o poder a si mesmo para decidir o
que “faz” com a Natureza, e como a expropria dura e egoisticamente, se torna,
por causa desse elemento, algo raro. Algo de estranho em nossos meridianos
energéticos mais desequilibrados denota que nossos valores estão em locais onde
sempre fora assim, diante da estupefata ciência de não nos darmos conta de que
o “valor afetivo” seria algo substancial a ser cultivado, e daí a partirmos
para a consciência das existências compulsoriamente importantes dos seres vivos
e imóveis sobre este planeta, e uma relação madura do homem que mantém ainda o
seu chauvinismo de ideologias de antanho, é rumar para que os conhecimentos
orientais venham a dar maiores luzes para esse grande ruído gigantesco que é a
crise ocidental de seus valores e falta de conhecimentos relegados ao tudo se
permitir, mesmo que isso signifique a sua própria ruína moral.
A
relação do homem com seu entorno, mesmo que seja no começo, em sua primeira
célula social, a família, não está dissociada à Natureza, já que em qualquer
lugar do mundo há seres que compartilham com o ser humano, seja na forma de um
animal doméstico, seja na forma de um inseto, ou mesmo quando estamos
gregariamente coexistindo entre nós mesmos enquanto espécie, pois somos
meramente mais um tipo de ser que jamais será superior a qualquer outro, posto
não temos relações de poder com nada e ninguém que nos faça crer que na
Natureza a ordem das coisas subentenda as leis necessárias, mas sempre, no entanto, necessárias como modo de
nos organizar, tanto que essas leis são distintas em diversos locais do mundo,
e não haverá um processo civilizatório totalmente uniforme nas culturas de
homens, abelhas, formigas, ou felinos, posto até em culturas bacterianas as
coisas tomam um perfil de independência, e a medicina interfere ou faz uso
dessas questões quando se torna necessário para o ser humano, posto na
veterinária o trato é com os animais, esboçando já, a partir daí, uma
diferenciação de espécies no escopo das sociedades. O que haveria de importante
a salientar é a vida espiritual do ser humano, frente aos seres que fazem da
Natureza sua grande fonte de gerar a compreensão do mesmo espírito que emana da
citada Natureza, não no viés transformador da matéria, mas justamente naquilo
que assume a importância capital que é a dita compreensão de que os seres os
mais variados tendem a dialogar com o ser humano, dependendo do nível de
consciência que este atinge perante o Universo e sua Criação cósmica. Não
precisamos ir muito longe para exemplificar alguns movimentos da arte marcial
do tai chi, quando um mestre ensina certas posturas, utilizando insetos ou
pássaros, serpentes ou dragões, como movimentos concretos, através de
observações por vezes centenárias que fazem parte de toda uma cultura, onde o
respeito a esses mesmos seres que ensinaram toda essa sabedoria nos facultam ao
legado do citado conhecimento ancestral. Essa tradicional ancestralidade nos
torna mais aptos para conservar joias tão importantes nas culturas mais
antigas, e na realidade poder compartir com outras culturas de cunho mais
materialista, esse espírito de comunhão com a Natureza, a contemplação, a
meditação, terapias alternativas, o do-in e a acupuntura, como modalidades
alternas de modos de se encarar a vida, incluindo aí a medicina ayurvédica, tão
importante para que compreendamos também na relação de tudo o que a Índia
proporcionou espiritualmente para o mundo contemporâneo...
Seríamos
mais distantes de tudo se nos isolássemos enquanto espécie, mas seremos
certamente mais felizes quando percebermos que em um voo de um pássaro, para
além de nossa mera imaginação, podemos estar mais em sintonia com um
conhecimento ou mensagem anímica de algo, do que sempre compulsoriamente termos
que nos fazer valer do celular ou do computador para nos sentirmos vivos e
atuantes. A eletrônica é apenas uma rede de sinapses, mas há bilhões de outras,
concomitantes, no mundo. Mesmo porque, se consideramos que a presença de Deus
nos seres que nos cercam é tão intensa, podemos quiçá compará-la com as
infinitas ondas do oceano, ou mesmo as infinitas sementes que são lançadas ao redor
de todas as nações do planeta, e umas frutificam mais, certamente, mas quem
sabe um dia possamos adubar melhor a terra em torno do nosso próprio jardim
espiritual, disso não tenhamos sequer a menor sombra de dúvida: é só termos boa
vontade.
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