Sói
resgatarmos o ser, resgatarmos o que sobrou dele, por vezes objetificado,
tornado membro de carne, por vezes coisificado em uma esteira brutal de
vilanias, por vezes tornado um rótulo de bebida, um risco de cocaína, um
cigarro de maconha, ou um enfermo mental descartado por qualquer possibilidade
de recuperação, pois quando exerce sua cidadania nas ruas já não é mais nada, a
não ser o que dele negam para o que vem depois: o existir, a moeda que ele não
tem e que clama por ter, a lata que pesca na solidão do asfalto, os dentes que
já não possui, ou a efemeridade do gesto de um “otário” que lhe dá a atenção,
igualmente sem valor, posto solidário.
O nada
passa a ser um valor, a repressão por ter crido amar o amor que de fato não
seria possível, o amor “arranjado”, um líder provecto importado da burocracia,
ou de fato, um homem rico que venha a ser algo de um mundo que não exista para
a maior parte dos trabalhadores que pertencem a outro mundo, o mundo da miséria
e da carestia, o mundo dos excluídos e que sofrem, dentro das engrenagens de
estados repressores e fascistas, o viés de não poderem sequer mais amar, pois
sua anuência com essa ditadura espiritual encontrará algum respiro em
irmandades fechadas ou algo parecido, veículos onde a questão passará para a
esfera de sedimentar o mesmo fascismo velhaco que muitos creem ser o mesmo que
na verdade não passa de um charlatanismo brochado dos “pílulas azuis” do
sistema.
O valor
passa a não ser erótico, e aquela mulher que passa pelo patrulhamento
ideológico que se auto-impôs já não sabe mais o que fazer quando vê que na
Natureza algum homem possa lhe ter dado a luz em falsetes, e não será seu pai jamais, não será o Cristo que ainda negam posto inexistente no coração de suas
palavras, que muitos o negam por negacionismo, e negam a democracia que, de
qualquer modo, coloca finalmente o pingo nos is para revelar ao mundo que nem
só de flores vivem os seres que são humanos sobre esse planeta revestido de
merda em seus muitos poros por onde o oxigênio já não dá sinais de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário