Fugidio, determinado, encoberto por maquiagens quase noturnas, o pássaro de alvéolos femininos, quiçá misto de águia com harpia, configura, com sua cabeça de serpente, um membro de alguma mitologia que ainda não teria sequer sido narrada, desde os germanos, antes dos celtas...
Bárbaro,
quer derrubar todas as fronteiras até mesmo do conhecimento, dizem que foi o
responsável pela queima de Alexandria, ou mesmo na derrubada das palavras do
Cristo. Diz-se antissemita, mesmo no viés de expor seu próprio povo na circunscrita
versão da auto negação, o Pássaro Engodo não encontra passagem entre os seus,
posto não ser sequer ente da Natureza, tal qual a concebemos, mas uma
titulação, apenas um tipo de tese, uma existência, ou a ficção do teatro
desconcertante para derrubar aos que gostam da vida como ela se apresenta.
Por vezes
apresenta sua forma metálica, com seu poder de fogo, e voa, supersônico, com a
proficiência de seus meninos crescidos que sua geratriz e sistemas ensinou a
usar da máquina voadora, aí sim, diz-se, um ser imprescindível nos recursos
mais invasivos!
Dizem
poder ser tranquilo, mas sua cabeça de serpente está sempre inquieta, e sua
malícia queima de si mesma suas intenções, e acaba por desconhecer a questão
das asas e qual a quadratura exata da sua envergadura.
O engodo
faz parte de si, é sua condição, e trabalha na esteira da psicologia como
ferramenta indispensável, e o Pássaro Engodo está sempre fazendo terapia, com
divãs mais amplos onde cabe todo o seu ressentimento, mas gosta igualmente de
levar ao critério mais cabal o que não deveria, como a sua cauda que deixa em
casa, pois só usa à noite, para seus dominados mais secretos...
Assume
disfarces os mais redundantes, pois quando está trabalhando com o chefe homem
assume de vez seu aspecto feminino, e quando trabalhando com o chefe mulher, o
seu lado mais masculino, e há meio termos em questão, igualmente para questões
de disfarce, pois não nega que possua uma genitália dupla, multifuncional, a
cada vez que serve para um algoz se sente mais satisfeito/a: esse é o Pássaro
Engodo.
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