quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O PÁSSARO ENGODO


              Fugidio, determinado, encoberto por maquiagens quase noturnas, o pássaro de alvéolos femininos, quiçá misto de águia com harpia, configura, com sua cabeça de serpente, um membro de alguma mitologia que ainda não teria sequer sido narrada, desde os germanos, antes dos celtas...

              Bárbaro, quer derrubar todas as fronteiras até mesmo do conhecimento, dizem que foi o responsável pela queima de Alexandria, ou mesmo na derrubada das palavras do Cristo. Diz-se antissemita, mesmo no viés de expor seu próprio povo na circunscrita versão da auto negação, o Pássaro Engodo não encontra passagem entre os seus, posto não ser sequer ente da Natureza, tal qual a concebemos, mas uma titulação, apenas um tipo de tese, uma existência, ou a ficção do teatro desconcertante para derrubar aos que gostam da vida como ela se apresenta.

              Por vezes apresenta sua forma metálica, com seu poder de fogo, e voa, supersônico, com a proficiência de seus meninos crescidos que sua geratriz e sistemas ensinou a usar da máquina voadora, aí sim, diz-se, um ser imprescindível nos recursos mais invasivos!

              Dizem poder ser tranquilo, mas sua cabeça de serpente está sempre inquieta, e sua malícia queima de si mesma suas intenções, e acaba por desconhecer a questão das asas e qual a quadratura exata da sua envergadura.

              O engodo faz parte de si, é sua condição, e trabalha na esteira da psicologia como ferramenta indispensável, e o Pássaro Engodo está sempre fazendo terapia, com divãs mais amplos onde cabe todo o seu ressentimento, mas gosta igualmente de levar ao critério mais cabal o que não deveria, como a sua cauda que deixa em casa, pois só usa à noite, para seus dominados mais secretos...

              Assume disfarces os mais redundantes, pois quando está trabalhando com o chefe homem assume de vez seu aspecto feminino, e quando trabalhando com o chefe mulher, o seu lado mais masculino, e há meio termos em questão, igualmente para questões de disfarce, pois não nega que possua uma genitália dupla, multifuncional, a cada vez que serve para um algoz se sente mais satisfeito/a: esse é o Pássaro Engodo.

              

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