sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

FLORES NOTURNAS


Serpentes de cristal dos azeites de azinhavre
Relembram superfícies das engrenagens tortas
Na profusão de sentires inquietos, quais não fossem,
Os sentires da vida, por si e de per si, e por isso bastassem...

A verve dos inocentes, a plataforma oceânica da rocha de granito
A linga oculta em uma breve praia
Ou o tridente marcial vindo de uma tempestade na forma de madeira gigante.

Shiva pressente todas as maquiagens, vê as tatuagens como alfombras ocultas
Na pele pronunciada, e a onda de se ver não deduz que se seduza tão facilmente
Posto agora oculto em Kailasa não prevê que o Himalaia de si mesmo seja tão belo
Quanto a floresta de concreto mais oclusa na companhia de um mar misterioso de bruxos.

Em sua profusão de sentimentos quase ausentes
Rudra permanece isento da ilusão, e sempre e silenciosamente predito
No que infira as flores dos sistemas, ótica quase remanescente da questão supracitada...

No que permaneça em lugares mais críveis do ser, que seja, a Maya presente em todas as vielas
Não saibam os demônios que alguns ele não pode sequer tocar, posto a sua chave de transposição da vida
Não detém em si a vertente que não possui nomes
Pois estes não consagram além de sua repetição, como tantos são os Josés.

O istmo entre o lazer de Shiva e a forma de Durga, em sua porção mais crua
Naquilo que subentenda ser de fato a realidade, posto Krsna existe sem a visão de uma fantasia
Não reduz que na página tecida por uma juta, ou na haste de uma grama não exista a consciência suprema que o governa...

E o que não é transposto não seja o conflito dos desejos quase obscuros
Onde um manto de beijos sobre a superfície de uma flor noturna
Pode ser a realidade de se acordar embriagado pelo néctar de um dia a mais
Sem uma única substância de entorpecimentos maiores, qual não seja o amor...


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