segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

ALPHUS


                Tudo de ser veria ao não fosse tanto... Um soma seria o cadinho de sua felicidade, em pó, em bastão, em líquido, em gás. O soma, o somatopsico, o somatopsicopneumático, o tudo, o Alphus, genericamente, o cunho normal do pretendido, um ser híbrido, meio homem, meio mulher, algo de estar sendo quase o ser criado por um criador ou não, quiçá por um desafeto de Deus. A aurora do incandescente ideal, o corpo perfeito, a força, o bruto e sensível, o periférico que deu certo, ou a história de superação ignorada, mas não não. Não poderia haver essa história, pois o Alphus é perfeito geneticamente, não seria um erro, e pode ser construído em tecidos de encomenda, como algo de gestar em laboratório: o homem perfeito.

                De pronta resposta a estímulos, como um rato de uma experiência bem sucedida, posto experimentalmente afeito, aquele espécime escolhido a dedo dentro de uma margem populacional, aquele que pode ingressar nas forças armadas, que não possua – há necessidade de se repetir – qualquer mácula em seu mapeamento comportamental.

                De tantos sejam, que aqueles que portam a doença crônica seriam os Ypsolones, os mais vis, quiçá, na regra que não seria a terceira, mas que são aptos a serem os rebaixados, escolhidos geneticamente para cargos menos efetivos, na experimentação dos genomas reducionistas, quiçá com inteligência não seriam do fracasso, mas apenas o paradoxo de certos sistemas.

                Mas qual, o Ypsolone é a questão: desceu os degraus para a infâmia e viu e, quando superou o próprio gene, contrariando o determinismo quase absorto de Lamarck, volveu os seus olhos e passou a lecionar classes para Alfas, e Alphus foi um dos primeiros da turma! A felicidade de Alphus e outros, sendo que o Ypsolone ensinou coisas do submundo, letras que seriam possíveis e – pasmem – a vastidão da poesia, como libertação de um mundo onde sequer se imaginaria ser possível sair do reducionismo do híbrido e desarmônico eletronicismo.

                De Alfa, Beta e Gama, qual irmandades colegiais de séculos passados, o futuro encerrou uma página quase obscura no obscurantismo dos leds, ou nos rabos tesudos dos foguetes modernos encapsulados por drones injetores de moral...

                E até os antigos anciães, antes alfas, depois betas e, rebaixados a gamas, viram na sua experiência de vida o modo surpreso de transcender esses mesmos modais, e viram que seria na transcendência para um cosmogônico veraz e universal que as estrelas ainda continuavam na mesma posição, e todos os atletas dessa imensa consciência planetária sequer haviam recriado vida em marte, qual não fora uma pífia ocupação e um desejo profundo de que um dia houvessem ao menos de inventar lentes poderosas para ver o famoso Krsna dançando com as Gopis nas colinas de Vrndavana...

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