quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

A FLOR DO CONCRETO


Quiçá a estranha latitude de nós mesmos nos resguarde
Na têmpera da lâmina de aço, no furor uterino de uma aleijada,
No ósculo do urânio enriquecido sobre uma cidade vitimada
Ou mesmo na flor que brinca em resistir na frincha de uma lajota de concreto...

Sombrias por vezes são as chuvas com seus látegos de chumbo
Onde sequer existirão beijos ao menos fraternais sobre as peles de falsas virtudes,
Onde os afetos deixarão de serem aquelas promessas amorosas de outrora
Quando se preparava o jardim com excesso de ureia, na intenção de queimar a grama.

Hoje, incandescem sentimentos de descaso, temores, egotistas modalidades de penas a outrem
Infligidos por questões de poderes secretamente expressos através de corruptelas de códigos
Onde o menor índex passa a valer mais do que o maior dos símbolos!

Nisto de expressão pura e simples em sonetos sem rimas, a verve dos inocentes
Vulgariza o ato mal construído, na simples sombra do que seria anunciado
Que o simples fato de estar vivo é sobremodo vantagem circunstancial!

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