terça-feira, 13 de junho de 2023

O ESCOPO DO SER AUSENTE DE SI


                Não se sabe muito do que é uma sociedade, quem dera, que as palavras iluminassem as veredas inquietas, que o fulgor que brocha dos genitais não fosse tão grande que nublasse, mesmo em questões de intoxicação, em perdas e danos, naquilo que não se percebe e que não atenua, e que traz mais e mais inquietações e sofrimento. Daquilo que se quer, não tentemos errar sempre, tentemos não ser tentados pelos diabólicos tentares da maldade, justificando as instituições ou ingerências de ordens de poder e hierarquias para refletir nos nossos atos o que há de mais obscuro na essência de viver no planeta!

                O ser não ensina, ele sugere, mas vai que existem regras e regulações, existem modalidades humanas, modelos de vida, de como viver melhor, que seja, sem os negros precisarem ser escravos de um serviço, sem a mulher ter que aparentar sexualidade gratuita, sem que exista algo como um tipo de pensamento que vai contra as conquistas sociais que, paulatinamente, são ou fazem parte de um aprendizado contínuo e que dá nos costados do querer-se bem, ao ser que não seja ausente de si, mas seja mais próximo, e que porventura possa uma mulher dizer algo de ternura que seja factível, não tendo que ser dura sempre, pois um homem não irá admirar nesse gesto a fortaleza que ela esconde, pois seu corpo não é e jamais será a realidade do ser, já que somos espírito, e a matéria é perecível, por mais que corramos contra o tempo, por mais que queiramos ser alguém que tentam nos impor, ipsum facto.

                A continuidade de um trabalho de escrita infere que alertemo-nos que não somos os donos da informação, pois a regra primeira até dos aficionados dela é na verdade o conhecimento, e conhecimento baseado na espiritualidade transcende a própria fé que nos ensinam nas instituições religiosas, é tudo o que vem do aculturar-se, de estar pensando em uma construção, não na patologia social, o que na verdade vem a dar no mesmo, se a lavra se torna a questão da medicina, para o corpo ou mente, ou o lado espiritual, que é o Todo, a parte em que Deus nos coloca diante de nós mesmos, onde o nosso ser passa a não ser mais ausente de si, pois dentro desse nosso ser que somos enquanto centelha divina existe um outro pássaro que observa, que é Deus, presente em todos os outros seres, desde uma insignificante formiga, ou até mesmo em uma grande esfera onde todos subsistem como matéria e energia cósmica. A mente comanda o corpo, seus movimentos, mas a Inteligência comanda a mente tornando-a mais sensata, mais sábia, e o espírito comanda todo o Ser, unificando em uma coisa só, posto em cada átomo do planeta também está a partícula de Deus, o inconcebível, onipresente e omnipenetrante, que está dentro e fora, que é o que está no meio, que não possui princípio nem fim, que é o maior, e é a menor partícula, supraconsciente, que sabe de tudo o que acontece, mesmo na haste de uma grama ele conhece o movimento do vento, e é igualmente aquele que dilui a matéria, que destrói os materialistas, que desfaz teorias da história e que deixa por explicar o que jamais foi explicado...

                No final das contas, quando passamos à esfera divina, todo o lado demoníaco, agora sobejamente forte na humanidade, tende a ser aniquilado por Deus, não propriamente por aniquilação física de fato, por espécie de julgamentos sumários, mas sim por ocasião de uma luz que chega para mostrar na fímbria de homens de coragem as mulheres que também, ainda que incipientes, posto comecem a trabalhar efetivamente sua libertação de maneira mais recente, uma coragem de serem as mulheres de um tempo mais justo socialmente, e isso infere que tenhamos nesse caudal, de liberdades democráticas, a possibilidade da expressão de poder ao menos falar sobre esses assuntos livremente, sem que apedrejem imagens, ou mexam com a fé ou crença particular de quem quer que seja, dentro do credo livre, dentro do escopo da liberdade que não sói conquistar-se lutando, mas em outra questão, usando seu tempo, o nosso tempo ausente de si que somos agora, para não propriamente rezarmos mecanicamente o terço, mas tentarmos meditar em palavras que nos façam florescer o amor e a ternura, tão somente isso, não mais do que o necessário em mais vinte e quatro horas de um dia a mais de ventura e esperança de que o mundo haverá de ser melhor...

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